O mexicano Lionel Ramirez, 40 anos, presidente da General Electrics (GE) Iluminação para a América Latina, não teve muito tempo para se acostumar com Miami, nos EUA. Há dois anos ele se mudou para a cidade, sede da empresa na região latino-americana, para comandar suas operações. Mas ele nem esquentou a cadeira. Não que esteja deixando a companhia. É que a GE Iluminação e seu principal executivo na região estão de mudança para São Paulo. “As oportunidades por aqui são gigantescas”, afirma Ramirez. “Para vencer é preciso ter uma operação local forte e o Brasil é o país que concentra as melhores oportunidades de crescimento”, diz à DINHEIRO Michael Petras, CEO mundial da GE Iluminação e chefe de Ramirez. 

 

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Lionel Ramirez, presidente da GE Iluminação para a América Latina

 

Os números mostram como o País se tornou prioridade nos movimentos da companhia. Dos US$ 7,7 bilhões que o grupo GE faturou na América Latina, US$ 2,6 bilhões vieram do Brasil. E a operação brasileira deve dobrar de tamanho nos próximos anos, segundo a companhia. A divisão de iluminação, que possui cerca de 10% do mercado no País, quer pegar carona nesse movimento.  

 

A empresa vai se concentrar em duas áreas: a iluminação dos estádios da Copa do Mundo e Jogos Olímpicos e a iluminação de ruas. “Estádios são uma grande oportunidade. Temos larga experiência nisso”, diz referindo-se a algumas arenas da África do Sul com a assinatura da companhia. 

 

“Mas em um país com as proporções do Brasil, a iluminação pública tem um potencial ainda maior”, diz Petras, que prevê projetos da ordem de US$ 300 milhões nesse segmento. A GE já atua fortemente neste setor em território nacional. Exemplos recentes foram as novas iluminações do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, e na rua Avanhandava, um corredor gastronômico em São Paulo. 

 

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Michael Petras, CEO mundial da GE Iluminação

 

De acordo com a Eletrobrás, o País possui 15 milhões de pontos de iluminação pública e todos eles precisam de manutenção constante. É aí que a GE entra. “Com a questão da sustentabilidade, muitas lâmpadas terão de ser trocadas por modelos que consomem até 50% menos energia”, diz Ramirez. “Pretendemos participar dessa renovação.” Mas, para isso, terá de trazer inovação e, a julgar por suas ações, já está a caminho.

 

O Brasil receberá um centro de pesquisas da empresa, o quarto a ser instalado no mundo, mas que deve ser o segundo em tamanho, perdendo apenas para o de Nova York (EUA). Os investimentos iniciais no centro, que concentrará todas as operações do grupo GE, serão de US$ 150 milhões. 

 

Ele faz parte de uma nova plataforma da GE, que foca cada vez mais em pesquisa, para evitar ser pega de surpresa novamente. Isso porque, há cerca de três anos, a divisão de lâmpadas da GE enfrentou uma crise mundial com a proibição da produção de modelos incandescentes na Austrália e Canadá. 

 

Pior: isso seria estendido a outros países. A empresa então optou por fechar fábricas no mundo todo. No Brasil, a planta do Rio de Janeiro foi encerrada causando a demissão de cerca de 900 funcionários e a empresa parou de fabricar lâmpadas incandescentes. 

 

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Só restou a fábrica de Contagem (MG) onde são produzidas lâmpadas fluorescentes. As incandescentes, ainda vendidas no País, são importadas de alguns países do Leste Europeu. “Foi um período complicado para nós. Fomos obrigados a reduzir fábricas de tamanho e fechar algumas. 

 

Tivemos que nos livrar de uma tecnologia e mudar imediatamente para outra, mais sustentável. Aprendemos com o nosso passado e nos mantemos olhando para frente agora”, diz Petras. Hoje a empresa trabalha com vários modelos de lâmpadas mais econômicas, desde as fluorescentes até as que utilizam LED e consomem até 86% menos energia que as incandescentes. Apesar de radical, a estratégia de reposicionamento da GE foi acertada. 

 

“Mesmo com todos os problemas que teve de enfrentar, a GE percebeu que esse era um caminho sem volta”, diz Sandro Marques, professor do curso de gestão da inovação da ESPM. “O fato de trazer um centro de pesquisas para o Brasil mostra mais uma vez que ela acompanha as tendências, nesse caso, a de redirecionar o eixo econômico e de pesquisa no mundo todo.”