Como o esperado, após ser a vilã da inflação em 2021, a gasolina foi destaque na desaceleração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) em janeiro. A gasolina ficou 1,78% mais barata, com impacto negativo de 0,12 ponto porcentual (p.p.) na variação agregada do índice, que registrou alta de 0,58% em janeiro, ante o avanço de 0,78% de dezembro de 2021, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.

Outros combustíveis também ficaram mais baratos. O etanol recuou 3,89% na leitura de janeiro do IPCA-15, enquanto o gás natural veicular cedeu 0,26%.

Os combustíveis tiveram a ajuda dos preços das passagens aéreas, que também puxaram a desaceleração do IPCA-15 em janeiro. Os bilhetes de avião ficaram 18,21% mais baratos. Com isso, tiveram impacto negativo de 0,12 p.p. na variação agregada do índice – mesmo efeito verificado na gasolina.

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O alívio para a inflação com Transportes, que recuou 0,41% no IPCA-15 de janeiro, ante alta de 2,31% em dezembro, só não foi maior porque alguns itens desse grupo registraram alta. Segundo o IBGE, os destaques foram os automóveis novos (alta de 1,90%) e o emplacamento e licença (1,70% mais caro), que “incorporou, pela primeira vez, a fração mensal referente ao IPVA de 2022”. Também subiram o seguro voluntário de veículo (3,25%) e o aluguel de veículo (12,94%). O serviço de táxi ficou 0,21% mais caro no IPCA-15 de janeiro, por causa de um reajuste de 9,75% nas tarifas do Rio de Janeiro, em vigor desde 11 de janeiro.

Alimentação e bebidas

Se os preços da gasolina deram algum alívio na inflação medida pelo IPCA-15 de janeiro, o encarecimento dos alimentos voltou a assustar, conforma os dados divulgados pelo IBGE.

O grupo Alimentação e Bebidas subiu 0,97% no IPCA-15 de janeiro, taxa quase três vezes maior do que a registrada em dezembro (0,35%). Sozinho, o grupo contribuiu com 0,20 ponto porcentual (p.p.) na variação agregada do IPCA-15 de janeiro.

Segundo o IBGE, os itens de maior impacto na inflação de alimentos foram a cebola (alta de 17,09%), as frutas (7,10%), o café moído (6,50%) e as carnes (1,15%).

O quadro só não foi pior porque houve queda nos preços da batata-inglesa (-9,20%), do arroz (-2,99%) e do leite longa vida (-1,70%), preços que já haviam recuado no IPCA-15 de dezembro (-6,46%, -2,46% e -3,75%, respectivamente).

Para além das comidas compradas para consumo no domicílio, a alimentação fora do domicílio avançou 0,81%, muito acima da ligeira alta de 0,08% registrada no IPCA-15 de dezembro de 2021.

Habitação

A conta de luz começou o ano sem dar novos sustos na inflação ao consumidor, mas os preços do grupo Habitação subiram 0,62% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 de janeiro. O reajuste da conta de gás encanado em São Paulo pesou no resultado.

Por causa da conta de luz, o grupo Habitação subiu menos do que no IPCA-15 de dezembro, quando registrou alta de 0,90%. Em janeiro, a energia elétrica subiu apenas 0,03%, ante avanço de 0,96% em dezembro.

Por outro lado, o gás encanado saltou 8,40% no IPCA-15 de janeiro. Segundo o IBGE, o salto foi “consequência do reajuste de 17,64% em São Paulo (15,03%), vigente desde 10 de dezembro”. A tarifa de água e esgoto também subiu, mas muito menos, com alta de 0,28% na média nacional. Conforme o IBGE, essa alta “decorre do reajuste de 9,05% ocorrido em Salvador (4,45%), a partir de 29 de novembro”.

Outro item com preço administrado que trouxe alívio para a inflação medida pelo IPCA-15 de janeiro foi o plano de saúde. Na média nacional, o plano de saúde ficou 0,69% mais barato. “Em dezembro, foi incorporada a última fração mensal do reajuste anual que havia sido suspenso em 2020 e que foi aplicado a partir de janeiro de 2021. Com isso, restou apenas a fração do reajuste de -8,19% anunciado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) no ano passado, aplicado a partir do IPCA-15 de julho”, diz a nota do IBGE.

Mesmo assim, o grupo Saúde e Cuidados pessoais avançou 0,93% no IPCA-15 de janeiro, ante uma deflação de 0,73% em dezembro. Os vilões da aceleração foram os itens de higiene pessoal, cujos preços subiram 3,79% após o recuo de 3,34% em dezembro.