O encarecimento da gasolina e da energia elétrica foi responsável por dois terços da inflação oficial no País em março. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou de 0,84% em fevereiro para 0,71% em março, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A gasolina subiu 8,33%, impacto de 0,39 ponto porcentual sobre o IPCA do mês passado. A energia elétrica subiu 2,23%, contribuição de 0,09 ponto porcentual. Sem esses dois aumentos, o IPCA de março teria sido de 0,25%, calculou Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.

“O principal impacto na alta de março veio dos preços monitorados. De fato, o que puxou a inflação de março foi gasolina e energia elétrica”, afirmou André Almeida, analista do IPCA no IBGE. “A inflação de março foi mais influenciada por preços administrados do que inflação de serviços.”

A taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses arrefeceu de 5,60% em fevereiro para 4,65% em março, resultado mais baixo desde janeiro de 2021. A meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central é de 3,25%, que tem teto de tolerância de 4,75%.

O IPCA em 12 meses não ficava dentro da banda de tolerância da meta de inflação havia meses, confirmou Almeida. O ano de 2020 foi o último em que a inflação anual fechou dentro da margem de tolerância perseguida pelo Banco Central: o teto era de 5,5%, e a inflação fechou 2020 em 4,52%. “O que a gente percebeu na passagem de fevereiro para março foi uma desaceleração e menor disseminação de alta de preços no IPCA”, afirmou.

Em março, os itens de maior pressão no IPCA foram gasolina, (0,39 ponto porcentual de impacto), energia elétrica (0,09 p.p.), plano de saúde (0,05 p.p.), emplacamento (0,04 p.p.) e ovo (0,02 p.p.).

Na direção oposta, os itens que mais ajudaram a frear a inflação foram passagem aérea (-0,03 p.p.), batata-inglesa (-0,03 p.p.), maçã (-0,02 p.p.), banana-prata (-0,02 p.p.) e seguro de veículo (-0,01 p.p.).

Almeida explica que diversos fatores podem influenciar no comportamento dos preços de produtos e serviços. Ele reconhece que pode haver algum componente de demanda pressionando determinados itens, como foi o caso dos ovos em março, por conta do período de quaresma. No entanto, ele lembra que houve redução nos preços de itens de TV, som e informática, por exemplo. “Isso pode ter relação com promoções praticadas na Semana do Consumidor, em meados de março”, apontou.