Um efeito colateral dos mais positivos. O mergulho da economia no e-commerce, movimento acelerado pela pandemia de Covid-19 – elevação de 73,8% do comércio eletrônico no Brasil –, provocou uma revolução ainda maior em setores da cadeia logística. Entre janeiro e setembro do ano passado, as locações tiveram alta de 134% no País na comparação com 2019. “Atingimos um nível recorde de ocupação”, disse à DINHEIRO o CEO da Log Commercial Properties, Sergio Fischer. A empresa teve crescimento na absorção bruta e no lucro, além de queda na vacância.

A companhia originada sob as asas da MRV Engenharia, maior construtora da América Latina, é especializada no desenvolvimento de galpões e condomínios logísticos e e-commerce, direta e indiretamente, responde por mais de dois terços dos negócios da empresa, que tem entre os principais clientes os maketplaces de Amazon, B2W, Magazine Luiza, Mercado Livre e Via Varejo. No primeiro trimestre de 2021, a Log teve o melhor momento comercial desde o início das operações, em 2008. Houve absorção bruta de 212,6 mil m2 de Área Bruta Locável (ABL) – 94% acima dos 109,6 mil m2 do mesmo período do ano passado e praticamente metade de todo os 12 meses de 2020 (500 mil m2). Na esteira, os resultados financeiros dispararam. O lucro líquido foi de R$ 122,1 milhões (598% maior) e o Ebitda chegou a R$ 143,6 milhões (alta de 440,2%) nos comparativos do primeiro trimestre de 2021-2020.

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“Estamos estudando e revisando planos. É bem provável que a gente mexa no Todos por 1,4” Sergio Fischer CEO da LOG Commercial Properties.

O crescimento nos números motivou a empresa a alterar projetos. Um deles foi o Todos Por 1. Criado em outubro de 2019, visava a entrega de 1 milhão de m2 de ABL em até cinco anos (2024), com investimento de R$ 1,5 bilhão. Diante dos últimos resultados históricos, a companhia resolveu ampliar o desafio ao instituir o Todos por 1,4. A meta agora é de, no mesmo prazo, entregar 1,4 milhão de m2 de ABL. O investimento também cresceu, para R$ 2,2 bilhões. A busca de espaço pela Log vai longe, e Fischer já admite até ampliar a meta novamente – e no mesmo espaço de tempo. “Estamos estudando e revisando planos. É bem provável que a gente mexa no Todos por 1,4”, disse.

MERCADO O crescimento apresentado pela Log é corroborado por levantamento da consultoria Cushman & Wakefield. Em 2020, a absorção líquida (demanda líquida efetiva por espaços de galpões) foi de 1,6 milhão de m2, o maior índice desde 2013. A região metropolitana ou estado ou cidade de São Paulo responde por 58% do total. A taxa de vacância fechou a temporada no menor patamar desde 2017, com 13% – e já baixou para 12,6% no primeiro trimestre deste ano. Na Log, foi de 3% em 2020, com redução para 2,58% entre janeiro e março de 2021.

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“Temos parcela das infraestruturas de armazenamento e de transportes migrando do B2B para o B2C” Ana Blanco vice-presidente de operações na DHL Supply Chain.

O executivo Jadson Andrade, que comanda a divisão de inteligência de mercado da Cushman & Wakefield, afirmou que as empresas de comércio virtual visam atender à demanda de entregas rápidas, mas estão de olho na manutenção do hábito de compras on-line. “A experiência de compra mais completa e intuitiva e a ampliação do uso de aplicativos e plataformas on-line devem manter o setor aquecido”, disse. “E possibilitar o surgimento de novos parques logísticos em regiões alternativas pelo País.”

E é justamente esse o foco da Log. A companhia marca presença em 35 cidades de 15 estados nas cinco regiões do País, tendo como diferencial a busca por pontos fora das capitais. No momento, cerca de 1 mil colaboradores trabalham em nove canteiros de obras de Norte a Sul. A aposta segue no comércio eletrônico, que movimentou R$ 87 bilhões em vendas no ano passado. As regiões que apresentaram o maior crescimento foram a Nordeste (101%) e a Norte (53%). A expectativa da Log é de crescimento médio de 25% do e-commerce até 2025. Enquanto o digital crescer, a Log quer garantir o emparelhamento no mundo físico.

ESPAÇO DE ALTA PARA TODOS

Na DHL, marca global no setor de logística, a explosão do e-commerce também fez a demanda crescer. A empresa gerencia cinco centros de distribuição e dispõe de 14 filiais próprias de transporte, além de 4 mil colaboradores focados exclusivamente nas operações do comércio eletrônico. Na pandemia, houve pico de demanda de armazenagem de distribuição para marketplaces. O processamento diário chegou a 130 mil pacotes pelo País, em mais de 193 mil m2 de área de armazenagem e transbordo de carga. A executiva Ana Blanco, vice-presidente de operações na DHL Supply Chain, acredita que a pandemia deve se tornar o ponto de virada do comércio eletrônico e, com a atuação cada vez maior dos marketplaces, desenha-se um novo cenário da logística no Brasil. “Temos uma parcela das infraestruturas de armazenamento e de transportes migrando do segmento B2B para o B2C”, disse. A expectativa? Negócios em alta pelo horizonte.