A galeria de ex-presidentes da Câmara congelou no tempo. Quem visita a Casa só pode acompanhar a cronologia de retratos de presidentes até a gestão de Marco Maia (PT-RS), de 2011 a 2013. No lugar das fotos de seus sucessores, Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha, envolvidos em escândalos de corrupção, há apenas placas brancas com um brasão no meio.

Sem as imagens dos dois, outro ex-presidente também acabou ficando sem registro. Waldir Maranhão (PSDB-MA) assumiu a Câmara interinamente em 5 maio de 2016 após o afastamento então provisório de Cunha. Ele ficou no cargo por cerca de dois meses apenas, até o atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ser eleito para o seu primeiro mandato à frente da Casa.

Preso no âmbito das investigações da operação Lava Jato, Eduardo Cunha foi afastado do mandato de deputado federal e, por consequência, do comando da Câmara, por decisão do então ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki em 2016. O ex-deputado foi acusado de ter usado o cargo para interferir nas investigações da operação. A prisão foi determinada pelo então juiz e hoje ministro da Justiça, Sérgio Moro, que acolheu o pedido da força-tarefa da Procuradoria da República que argumentou que o ex-deputado representava risco para a instrução do processo e para a ordem pública se continuasse em liberdade.

Henrique Eduardo Alves, por outro lado, ficou preso por cerca de um ano. Ele foi encarcerado por suspeita de envolvimento em desvios nas obras da Arena das Dunas, em Natal (RN) entre 2017 e 2018.

Já Waldir Maranhão ficou conhecido nacionalmente após anular a sessão de votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2015, quando estava interinamente como presidente da Casa. Posteriormente, ele admitiu que o ato foi um “equívoco”.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Câmara para esclarecer o motivo da ausência das fotografias na galeria, mas não obteve resposta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.