Os ministros das Finanças do G7 chegaram a um consenso nesta quarta-feira para “agir rapidamente” sobre o projeto “preocupante” da criptomoeda do Facebook, mas divergiram sobre a taxação das grandes empresas da internet.

“Sobre a (criptomoneda do Facebook) libra, tivemos uma discussão muito construtiva e detalhada com um amplo consenso sobre a necessidade de agir rapidamente”, disse e à imprensa a presidência francesa do G7 (formado ainda pela Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), ao fim do primeiro dia de reuniões dos ministros em Chantilly, ao norte de Paris.

“Reconhecemos a necessidade de um novo sistema bancário e de pagamento capaz de reduzir os custos dos intercâmbios entre países e continentes. (…), mas todos estamos preocupados com a possibilidade de uma nova moeda criada pelo Facebook”, explicou uma fonte francesa.

Após o alerta divulgado na segunda-feira pelo Secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, que teme que a nova moeda sirva para lavar dinheiro ou para sonegação fiscal, os ministros expressaram sua preocupação pelo projeto do Facebook.

“Não estão reunidas as condições para que a libra seja colocada em prática hoje em dia”, afirmou o ministro francês Bruno Le Maire, apesar de acrescentar que estava aberto a um debate sobre o “marco” ou a “regulamentação” da iniciativa.

Apesar de França e Estados Unidos estarem de acordo sobre a libra, discordaram sobre a cobrança de taxas às empresas digitais, apesar da reunião entre Le Maire e Mnuchin na tarde desta quarta-feira.

– Negociações “difíceis” –

A aprovação na semana passada em França de um imposto para as grandes companhias da internet, os chamados Gafa (um acrônimo para se referir ao Google, Apple, Facebook e Amazon), provocou a abertura de uma investigação nos Estados Unidos que poderia acarretar sanções.

A reunião entre ambos ministros foi classificada de “construtiva”, segundo fontes francesas. “Sempre é importante escutar, trocar ideias e avançar”, afirmou Le Maire no Twitter.

Pouco antes, o ministro francês garantiu, no entanto, que Paris não cederia e que esperava negociações “difíceis” com os Estados Unidos.

No final do primeiro dia de reuniões, os sete países não conseguiram chegar a um consenso que pudesse abrir caminho para um acordo no âmbito da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos) sobre o imposto para as grandes empresas de internet.

“Nossas equipes trabalharão a noite toda para obtê-lo “, disse uma fonte francesa, que espera conseguir um acordo antes do final dol encontro do G7 na quinta-feira.

“Se não encontrarmos um acordo a nível do G7 sobre os grandes princípios da tributação digital hoje ou amanhã, francamente será difícil encontrar um entre os 129 países da OCDE”, garantiu.

Segundo Le Maire, Francia fez um gesto para os Estados Unidos ao aceitar trabalhar dentro da OCDE em um projeto americano para que a taxa seja aplicada às atividades digitais de todos os tipos de empresas.

O ministro francês disse várias vezes que retirará seu imposto nacional uma vez que um acordo internacional sobre a questão seja alcançado dentro da OCDE.

Frente ao risco de multiplicação de impostos para gigantes da internet em cada país (Espanha e Grã Bretanha tem projetos similares), os Estados Unidos acordou no início deste ano para retomar as negociações dentro da OCDE, que estavam parada há anos.

Os sete ministros concordaram com o princípio de uma taxa mínima para as empresas, mas sem fixar um teto mínimo, um projeto patrocinado pela França e Alemanha e apoiado por Washington.

“Existe um acordo verdadeiro sobre o princípio de uma taxa mínima estabelecido. É a primeira vez que isso ocorre “, disse uma fonte francesa.