Os ministros do Interior do G7, reunidos na ilha italiana de Ischia, acertaram nesta sexta-feira (20) bloquear a propaganda terrorista que os grupos jihadistas utilizam como arma nos meios de comunicação, anunciou o ministro do Interior italiano, Marco Minniti.

“Pela primeira vez, os países mais desenvolvidos do mundo e os gigantes da internet (Google, Facebook e Twitter) se uniram para implementar um plano de ação destinado a bloquear automaticamente os conteúdos terroristas”, explicou Minniti durante coletiva de imprensa.

“A internet é importante para os combatentes estrangeiros, um veículo para recrutar, treinar e radicalizar. Se movem como peixes na água”, admitiu o ministro.

O acordo é considerado um dos “primeiros passos para uma grande aliança feita em nome dos princípios da liberdade”, acrescentou.

Segundo fontes francesas, em menos de duas horas serão bloqueados os sites com conteúdo jihadistas.

“Com este compromisso comum, queremos enviar uma mensagem forte à opinião pública do mundo: é possível não renunciar à liberdade e, ao mesmo tempo, viver de forma segura”, afirmou Minniti.

Com o acordo se cumpre um dos pontos fixados em maio passado pelos líderes do G7 na cúpula de Taormina, Sicília, na qual se comprometeram a continuar com determinação o combate ao jihadismo na internet.

O setor vai ter que desenvolver, com urgência, e compartilhar novas tecnologias e ferramentas para melhorar a detecção automática de conteúdos que incitem a violência.

França, Reino Unido e Itália trabalharam para conseguir o apoio dos Estados Unidos.

“Temos que fazer mais”, apontou Elaine Duke, secretária interina de Segurança Nacional dos Estados Unidos, que agradeceu a colaboração das redes sociais.

A representante dos Estados Unidos lembrou que a primeira emenda da Constituição de seu país é a defesa da liberdade de expressão, seja qual for seu conteúdo, por isso o assunto é delicado.

“É responsabilidade dos conteúdos, do governo e também da sociedade civil garantir que a internet seja um vetor de paz”, afirmou o ministro francês Gérard Collomb.

A internet deixou de ser um vetor de liberdade, para se tornar num fator de insegurança, que provoca milhares de mortes em todo o mundo, lembrou Collomb na reunião.

– Raqa, um desafio –

A queda de Raqa, bastião do grupo extremista Estado Islâmico (EI) na Síria, representa hoje um importante desafio.

“Sofreu uma dura derrota militar, mas isso não quer dizer que esse grupo tenha deixado de existir”, advertiu Minniti.

A reunião do G7 começou na sexta-feira de manhã com uma primeira troca de percepções sobre a ameaça que os 25.000 a 30.000 combatentes estrangeiros do grupo EI representam após a queda de Raqa, um contingente treinado capaz de se distribuir por todo o planeta.

“Pela primeira vez falamos de como lutar contra a volta de combatentes estrangeiros ao seu país de origem”, entre os quais há cerca de 5.000 europeus, reconheceu o ministro italiano.

“Decidimos reunir a informação e compartilhá-la”, o que é essencial, assegurou.

“Tanto as impressões digitais, quanto os documentos que serão encontrados lá, podem nos ajudar a conhecer melhor o inimigo e identificar os que vêm do exterior, que lutam com os extremistas”, explicou o ministro italiano.

Segundo ele, os combatentes estrangeiros “voltarão ao próprio país ou imigrarão para outros campos militares na Líbia ou no Sahel”.