Os ministros do Meio Ambiente do G20, reunidos em Nápoles, no sul da Itália, reafirmaram nesta sexta-feira (23) seu compromisso com os objetivos da luta contra as mudanças climáticas, mas sem definir um calendário claro.

As negociações foram “particularmente complexas”, reconheceu o ministro italiano da Ecologia, Roberto Cingolani.

“Este acordo é essencial para abrir caminho para a COP26”, a próxima conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que será realizada em novembro em Glasgow, na Escócia, após seu cancelamento no ano passado devido à covid-19.

No entanto, dois dos 60 artigos da declaração não obtiveram consenso e ficarão para os líderes do G20, grupo de países que juntos representam 80% das emissões de gases de efeito estufa do planeta.

Um deles especifica os limites do aumento da temperatura média do planeta, segundo os critérios do Acordo de Paris de 2015, que foi assinado por cerca de 200 países.

O histórico Acordo de Paris (COP21), que deve ser discutido em Glasgow, tem como principal objetivo limitar o aumento da temperatura média do planeta a menos de 2ºC, ou a 1,5ºC, se possível.

“Todo o mundo está comprometido com a descarbonização do planeta”, ou seja, deixar de depender das fontes de energia fóssil, explicou o ministro italiano.

“Mas a questão é o cronograma. Alguns países correm o risco econômico de não conseguir cumprir”, acrescentou.

A data de 2030 como prazo para cumprir a transição para fontes renováveis de energia foi outro ponto polêmico.

O enviado especial dos Estados Unidos, John Kelly, pediu no início desta semana que a China se alie aos EUA para reduzir urgentemente as emissões de gases de efeito estufa.

Duas semanas atrás, uma reunião de ministros da Economia do G20 citou a imposição de um preço sobre as emissões como uma possível ferramenta para combater o aquecimento global.

“Especialmente com a pandemia, todos reconhecem que a transição para fontes de energia renováveis é um instrumento para o crescimento socioeconômico rápido e sustentável”, afirmou um comunicado oficial após a reunião ministerial.

Paralelamente, mil pessoas marcharam pelas ruas de Nápoles para pedir ação aos ministros.

“O G20 dança no Titanic, salvemos o planeta”, dizia a enorme faixa dos chamados movimentos antiglobalização.

Grupos de pessoas usando máscaras de Maradona exibiam caixas de pizza com o resumo de seus pedidos: “As pessoas têm fome de esperança”.