Por Andrew Mills e Dominic Evans

DOHA (Reuters) – No momento em que Copa do Mundo chega ao clímax no Catar, a ação e o drama em campo ofuscaram parcialmente as controvérsias sobre direitos humanos que perseguem o país árabe desde que foi escolhido para sediar a competição há 12 anos.

Desde o momento em que o Catar foi apontado como sede do torneio, críticos questionaram como as autoridades do futebol poderiam escolher um país que nunca havia se classificado para um Mundial, é muito quente para sediar partidas no verão e precisaria construir do zero a maior parte de seus estádios para a Copa do Mundo.

A decisão também colocou o histórico de direitos humanos do Catar em destaque, incluindo condições para os trabalhadores estrangeiros que construíram os estádios e leis conservadoras que proíbem a homossexualidade, restringem a expressão política e limitam a venda de álcool.

Essas controvérsias ofuscaram a preparação para a competição, complicando os esforços do Catar para se apresentar como uma potência global que oferece ao mundo mais do que suprimentos vitais de gás natural.

Mas três semanas de heroísmo e emoções em campo ajudaram a diminuir as polêmicas, uma vez que partidas as quartas de final foram para dramáticas disputas de pênaltis e azarões triunfaram sobre gigantes do futebol, abrindo caminho para duas semifinais muito esperadas.

Os temores de que o torneio exarcebaria o menor país, em termos de geografia e população, a sediar a Copa do Mundo, também se mostraram infundados. Sessenta partidas foram realizadas com sucesso, com apenas quatro restantes.

“Muitos de nós subestimamos a capacidade do Catar de entregar este torneio, mas no final eles conseguiram. A logística funcionou sem problemas e a infraestrutura funcionou bem”, disse um diplomata ocidental no Catar.

A atenção global inicial concentrou-se na controvérsia sobre os planos da Fifa para penalizar as equipes que usassem braçadeiras “One Love” em apoio aos direitos LGBT+ e na segurança do estádio visando exibições de apoio aos protestos antigovernamentais no Irã.

Um diplomata europeu disse que o torneio deu uma plataforma para questões políticas. “De uma perspectiva ocidental, a crítica não desapareceu”, disse. “Você não pode separar esporte e política. Mas quando a partida começa, é o jogo, e não a política, pelos próximos 90 minutos”.

As restrições à venda de bebidas alcoólicas no conservador país muçulmano chamaram muita atenção antes do início do torneio, mas muitos torcedores visitantes acabaram ignorando o assunto.

“Acreditamos que esta é a Copa do Mundo mais inclusiva”, disse o ministro das Relações Exteriores, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani, ao Washington Post, na semana passada. “Todos eles estão vindo para cá e curtindo o futebol”.

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