Foram seis meses de negociação para que o plano de fusão entre as empresas Sapore, uma das maiores fornecedoras de alimentação corporativa do país, e a International Meal Company (IMC), dona das redes Frango Assado e Viena, saísse do papel. Se, em junho, o acordo parecia enfim costurado, um comunicado divulgado na segunda 17 iniciou mais um capítulo na saga: a IMC decidiu colocar fim à união que criaria uma companhia de alimentação dona de um faturamento de R$ 3,1 bilhões. A oferta, aprovada em julho e sem restrições pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), previa uma divisão em que a IMC deteria 65% das ações e a Sapore, 35%. Havia também a expectativa de que, após a fusão, a Sapore fizesse uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) para a compra de 25% do capital da IMC. Dessa forma, a fatia do fundador da Sapore, Daniel Mendez, aumentaria para 41,79%, tornando o empresário o maior acionista da empresa.

Ao anunciar a sua saída da mesa de negociações, a IMC, comandada por Newton Maia, informou que a decisão ocorreu após a realização de uma auditoria. “Considerando que não houve consenso com os representantes da Sapore quanto a certas questões identificadas, o conselho de administração da IMC se reuniu e deliberou rescindir o acordo de associação”, diz o texto. Procurada, a IMC não concedeu entrevista. A Sapore afirma que foi surpreendida com a decisão. “Há divergências com relação ao Ebitda dos dois lados. Mas gostaríamos de ter tido a oportunidade de discuti-las com o conselho de administração da IMC”, diz Mendez. Conforme DINHEIRO apurou, o resultado da auditoria da Sapore prevê um Ebitda cerca de 20% menor do que foi apontado pela IMC no acordo. A KPMG é a responsável pelo relatório de diligência contábil da Sapore e a Ernst & Young pelo da IMC.

Desistência: a IMC, presidida por Newton Maia, anunciou a saída da mesa de negociações, na segunda 17

Apesar do vai e vem, Mendez diz que tem interesse em continuar com a negociação, mas não descarta a possibilidade de buscar novas alternativas para a entrada da Sapore no varejo. “Desde que a gente tenha um parecer favorável ao que acreditamos, e com um valor justo, podemos manter o acordo com a IMC”, diz. Segundo fontes do mercado, a IMC também já recebeu novas propostas, mas, ao menos por enquanto, deve focar nas próprias operações. Para Ana Paula Tozzi, CEO da consultoria AGR, apesar de o fim do contrato ter gerado desgaste para ambas as operações, o casamento entre as companhias ainda faz sentido. “Se existir possibilidade de retomar a discussão, ambas seriam beneficiadas.” Resta saber se haverá novas negociações.