Por Aluisio Alves

SÃO PAULO (Reuters) – O principal índice da bolsa brasileira se aproximava das mínimas do ano nesta quinta-feira, com a confirmação de que o governo pretende contornar o teto de gastos levando agentes do mercado a piorarem projeções macroeconômicas de 2022.

Às 12:21, o Ibovespa tinha desvalorização de 2,2%, aos 108.347 pontos. O giro financeiro da sessão era de 12 bilhões de reais.

A confirmação do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que o governo pretende se valer de um “waiver” para usar cerca de 30 bilhões de reais fora do teto constitucional de gastos para financiar o programa Auxílio Brasil, deteriorava as previsões já desanimadoras para a economia em 2022, já fragilizada pela combinação de inflação e juros em alta.

Bolsonaro repete que governo não furará teto com auxílio, apesar de Guedes admitir manobra

“A elevação do risco fiscal como resultado dessas incertezas tem levado as apostas de um ajuste mais duro na próxima reunião do Copom”, afirmou a XP em nota a clientes.

O JPMorgan passou a prever alta 1,25 ponto percentual da Selic na próxima reunião do comitê de política monetária do Banco Central, com a taxa básica de juro chegando a 9,75% ao ano em fevereiro.

Esse quadro, que já vinha prevalecendo sobre os negócios na semana, mesmo com o quadro externo positivo, desta vez era agravado por um ambiente global menos favorável, além de outros elementos locais que pressionavam as ações.

Um eles era a notícia de que um movimento de tanqueiros está impedindo a entrada de caminhões nas bases de abastecimento de combustíveis em Campos Elíseos, no Rio de Janeiro, elevando temores de que problemas no setor causem desabastecimento e alta de preços.

 

DESTAQUES

– PETROBRAS caía 2%. A companhia divulgou resultados operacionais considerados positivos por analistas. O BTG Pactual afirmou que “outro ciclo de fortes resultados financeiros está a caminho”, mas que isso deve ser eclipsado pelo ruído em torno da política de preços dos combustíveis.

– VIBRA caía 3,8%, ULTRAPAR tinha baixa de 4,5% e RAÍZEN recuava 2,7%, em meio a temores sobre desdobramentos de uma paralisação de caminhoneiros.

– VALE cedia 3,6%, com os preços de metais ferrosos na China despencando devido à queda nos preços do carvão e estagnação do consumo de aço. USIMINAS tombava 4,6%, CSN perdia 3,25%.

– BANCO DO BRASIL encolhia 3,1%, BRADESCO era depreciada em 0,5% e ITAÚ UNIBANCO tinha recuo 0,6%, com os grandes bancos nacionais devolvendo ganhos da véspera.

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