Os telefones não param de tocar no Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo. Desde 1º de julho, quando foi lançado o Seesprev, plano de previdência complementar da entidade, já foram quase 40 mil consultas. ?Esperávamos ter 5 mil associados até o final do ano, mas já são mais de 2.400?, diz Murilo Celso de Campos, presidente do sindicato. ?Vamos ultrapassar a meta com folga.? O Seesprev é o primeiro fundo instituído (criado por associação ou entidade de classe) a entrar em operação no País desde que o governo criou a regulamentação, no final do ano passado. Outros dois já receberam autorização da Secretaria de Previdência Complementar ? o da Associação dos Ex-alunos da FGV-SP e o da Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Servidores de Minas Gerais. Na visão de especialistas, esse é um mercado emergente, no qual os novos fundos poderão se transformar em potências amanhã. O sonho de todos é seguir a trajetória da Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, o maior fundo de pensão da América Latina com recursos da ordem de R$ 43 bilhões.

?Os maiores fundos de pensão acumularam recursos ao longo de anos de contribuição?, observa Adacir Reis, secretário de Previdência Complementar. ?No futuro, os fundos dos grandes sindicatos terão um patrimônio considerável.? Atualmente há 1,7 milhão de pessoas na previdência complementar, número que deverá dobrar nos próximos cinco anos. A reforma da Previdência é um estímulo para esse mercado. Segundo a SPC, 35 entidades já estão discutindo a criação de seus fundos de previdência, entre elas a CUT e a Força Sindical. A legislação exige uma gestão profissional dos recursos. O objetivo é garantir a segurança do poupador e evitar que se repita a quebradeira que se viu com os montepios no passado. As entidades, porém, podem optar entre aderir a um fundo multipatrocinado, no qual os recursos de diversos planos são administrados por uma instituição financeira, ou criar seus próprios fundos de previdência complementar. A Seesprev se associou à BB Previdência, que cobra uma taxa de administração de 2% das contribuições dos engenheiros para gerenciar o plano. ?Os fundos instituídos têm capacidade de investimento e poderão se tornar gigantes?, diz Sérgio Nazaré, diretor da BB Previdência.

Ser grande é o objetivo do fundo da Associação dos Ex-alunos da FGV-SP. A gestão e a aplicação dos ativos serão feitas pelo Banco Alfa. Já a administração dos passivos e o controle dos pagamentos ficarão com a consultoria Towers Perrin. Tudo isso sob a supervisão de ex-alunos da FGV-SP. Assim que a estrutura entrar em funcionamento, o que deverá ocorrer em novembro, o próximo passo será juntar outras entidades ligadas a universidades e faculdades de todo o País. ?Nossa intenção é agregar múltiplas escolas e até mesmo outros profissionais, o que nos dará escala?, afirma Fábio Coelho Tobias, diretor-executivo da associação.?Com maior volume de recursos, poderemos garantir a poupança dos nossos associados e usar uma parte para investir na criação de empresas, gerando mais emprego e renda.?