A divisão de gerenciamento de ativos do maior banco da região nórdica informou nesta terça-feira (28) que desinvestiu da empresa brasileira JBS, a maior processadora de carne do mundo, pelo desmatamento na Amazônia e outros escândalos.

A Nordea Asset Management, um fundo de 230 bilhões de euros, afirmou que a decisão foi tomada por seu “comitê responsável de investimentos” e se aplica a cerca de 40 milhões de euros no total que ainda mantinha na JBS.

O fundo de Helsinque disse que o desinvestimento foi decidido no início deste mês. No entanto, isso só foi tornado público depois que um consórcio de jornalismo investigativo publicou um relatório na segunda-feira acusando a JBS de obter ilegalmente gado de fazendas ligadas ao desmatamento.

Essa é a quinta vez em pouco mais de um ano que a JBS, que exporta para todo o mundo, é acusada de “lavagem de gado”, na qual os animais de uma fazenda na lista de desmatadores são transferidos para outra para evitar a proibição das vendas.

A resposta da JBS aos surtos do novo coronavírus em seus matadouros e escândalos anteriores de corrupção também foram fatores que pesaram na decisão, informou a Nordea Asset Management em um comunicado.

“Após um período de engajamento com a empresa, não sentimos que estávamos vendo a resposta que procurávamos” em “numerosas” questões, esclareceu Eric Pedersen, chefe de investimentos da Nordea, acrescentando que as ações da JBS “já não eram um investimento preferido há muito tempo”.

Segundo Pedersen, a decisão se aplica não apenas aos fundos “ESG” da Nordea – fundos ambientais, sociais e de governança, que buscam investimentos socialmente responsáveis – mas a todos os seus produtos.

Procurada pela AFP, a JBS afirmou que “não comenta as decisões dos investidores, mas lamenta não ter sido recentemente procurada pelo referido fundo para que pudesse apresentar de forma direta todas as suas ações e medidas, comprovando seu total compromisso com a transparência das suas relações e com a sustentabilidade das suas operações”.

O Brasil enfrenta uma pressão crescente para desacelerar o desmatamento depois que grandes incêndios devastaram a Amazônia no ano passado – muitas vezes realizados para limpar terras para a pecuária e a agricultura.

A Nordea é uma das 29 empresas globais de investimento que administram quase US$ 4 trilhões em ativos e que, no mês passado, escreveram uma carta aberta ao presidente Jair Bolsonaro, solicitando a mudança das políticas governamentais acusadas de acelerar a destruição da maior floresta tropical do mundo.