O governo Jair Bolsonaro segue para os seis últimos meses do atual mandato tendo cumprido com louvor a meta de provocar o desmanche da política ambiental brasileira. Assim pode ser traduzida a conclusão dos últimos estudos realizados pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).

Evandro Rodrigues

Na série Caminhos para o Financiamento da Política Socioambiental no Brasil, o instituto dedica o primeiro capítulo ao debate sobre a importância do Fundo Amazônia. Chama atenção a força de transformação que o dinheiro ali aplicado teria se tivesse sido investido em sua totalidade. Para se ter uma ideia, dos R$ 4,8 bilhões (soma dos R$ 3,4 bilhões depositados no lançamento do fundo em 2007 mais rendimentos gerados no período de seu funcionamento), somente R$ 1,43 bilhão foi desembolsado.

O recurso serviu a projetos de apoio a 101 Terras Indígenas; incentivo a projetos sustentáveis em 4,3 mil imóveis rurais; e ajuda para inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR) de mais de 746,9 mil produtores. Além disso, o desmatamento que somava 11,6 mil km2 na Amazônia em 2007 caiu para uma média anual de 7 mil km2 entre 2008 e 2017. Mas em 2018 entra o governo Bolsonaro.

Os mais de R$ 3,3 bilhões de recursos ainda em caixa são congelados e o processo de 42 projetos em consulta e 14 projetos em análise, suspensos. A consequência mais nefasta aparece na floresta: de 2018 a 2021 a média anual de derrubada de árvores pulou para 11,3 mil km2.

(Nota publicada na edição 1285 da Revista Dinheiro)