O primeiro-ministro japonês Fumio Kishida, que liderou seu partido a uma vitória nas eleições legislativas de domingo, é um político pouco carismático, fã de beisebol e com a reputação de homem que busca compromissos.

Aos 64 anos e deputado por Hiroshima (oeste do Japão), Kishida segue os passos do pai e do avô como membro da Câmara Baixa do Parlamento desde 1993.

Em setembro ele se tornou o líder do Partido Liberal Democrático (PLD), depois que seu antecessor, Yoshihide Suga, renunciou ao cargo depois de apenas um ano no posto, em parte devido ao descontentamento popular com sua resposta à crise de covid-19.

Kishida, nomeado primeiro-ministro pelo Parlamento no início de outubro, não tem grande popularidade, pois assumiu o cargo com 50% de apoio, uma das menores taxas para um novo chefe de Governo japonês em duas décadas.

Kishida afirmou nesta segunda-feira que o resultado das legislativas foi um respaldo para seu governo e o PLD, que governa o país de forma quase ininterrupta desde os anos 1950. O PLD e seu aliado Komeito conquistaram 293 das 465 cadeiras na Câmara Baixa do Parlamento.

– Sob influência –

Kishida foi ministro das Relações Exteriores durante cinco anos (2012-2017), sob o governo de Shinzo Abe. Ele foi escolhido pelos caciques do PLD por seu espírito de consenso e vontade de ouvir a todos.

“O número de pessoas que Kishida pode influenciar é pequeno, mas o número de pessoas que têm poder sobre ele é elevado. É seu maior risco”, afirma Takuma Oohamazaki, da consultoria J.A.G. Japan Corp.

O programa de Kishida pretende continuar a política econômica dos antecessores, Yoshihide Suga e Shinzo Abe (2012-2020).

Mas ele também quer lutar contra as desigualdades sociais que estavam começando a ser observadas no Japão antes da pandemia. Porém, o “novo capitalismo” proclamado por este ex-banqueiro parece, pouco definido.

No cenário diplomático, não parece que devem acontecer mudanças. O Japão continua sendo um aliado fiel dos Estados Unidos e, embora suspeite cada vez mais da China, Tóquio não quer uma escalada de tensão com seu maior sócio comercial.

– Programa nuclear e beisebol –

A mesma indecisão é observada em temas temas sociais. Kishida afirmou que não chegou o momento de “aceitar o casamento entre pessoas do mesmo sexo”, que apesar da opinião amplamente favorável à aprovação no país.

Também expressa reservas sobre o direito das mulheres casadas de manter o sobrenome após o matrimônio.

Apesar de ter apoiado a visita de Barack Obama a Hiroshima em 2016 (a primeira de um presidente dos Estados Unidos no cargo), Kishida não tem a intenção de assinar o Tratado Internacional sobre a Proibição das Armas Nucleares, pois o Japão se beneficia do guarda-chuva de defesa nuclear dos Estados Unidos.

Kishida defende a retomada do programa nuclear civil do Japão, muito limitado depois da catástrofe de Fukushima em 2011, e que continua sendo um tema muito sensível na opinião pública japonesa.

Fã de beisebol, o esporte preferido dos japoneses, que praticou durante a juventude. Kishida é um torcedor do Hiroshima Toyo Carp, clube de seu reduto familiar e político.