Ela personifica a ascensão e consolidação da mulher no mundo dos negócios. Luiza Helena Trajano é presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza e foi responsável pelo salto de inovação que colocou a empresa entre as maiores varejistas do Brasil. Ela é reconhecida como uma das mais influentes empreendedoras brasileiras, além de ser presidente do Grupo Mulheres do Brasil. A empresária foi a convidada da live da IstoÉ Dinheiro, nesta quinta-feira (10). Na entrevista com editora e colunista de Sustentabilidade da revista, Lana Pinheiro, Luiza Helena conta sobre sua trajetória empresarial, avalia as crises – econômica e social – que o País atravessa, discorre sobre empreendedorismo feminino, analisa o cenário da desigualdade social brasileira e expõe as expectativas do Mulheres do Brasil. Diz mais. Na live, ela conversa sobre racismo, violência doméstica e questões de gênero. “A mulher tem que começar a enfrentar o machismo. Detesto esse machismo enraizado. Nunca deixei de ser feminina. Eu acredito muito na junção do masculino e feminino.”

Luiza Helena é a mulher mais rica do Brasil, com fortuna estimada em US$ 4,5 bilhões (cerca de R$ 24 bilhões), de acordo com a revista Forbes. Mas é na luta por um País mais socialmente justo e igualitário que ela tem direcionado boa parte de suas energias. Atua também como conselheira em 12 diferentes entidades – entre elas Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Grupo Consultivo do Fundo de População da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil. “A pandemia deixou a desigualdade social escancarada.”

Graduada em Direito e natural de Franca (SP), deu continuidade e revolucionou a empresa fundada pelos pais, em 1957, e batizada em homenagem à mãe, também chamada Luiza. “Minha mãe falava: nunca se esqueça, se foi ruim, foi porque você trabalhou; se foi bom, foi Deus que ajudou. E não tem uma cartilha, porque, se tivesse, você ia largar tudo e fazer o que a cartilha indica. Tem mães que trabalham fora com filhos ótimos; tem mães que trabalham fora com filhos péssimos. Não tem uma receita. Não pegue culpa”, diz.

Para empreendedores ela orienta: “Tem que começar fazendo, depois se estruturando. A oportunidade vai aparecer.” Para a executiva, existe no Brasil uma política de não pagar imposto, de não registrar funcionário e que essa “cultura” é errática. “Procure se capacitar, buscar informações e ter um mínimo de formalização”, aconselha.

Com 1.100 lojas e um braço digital responsável por metade das vendas e em constante evolução, o Magazine Luiza tornou-se um império do varejo. Apesar de ser filha dos donos, Luiza Helena começou de baixo. Aos 18 anos, foi contratada como aprendiz e ocupou diversos cargos antes de se tornar a CEO, em 1991. “Nunca tive dó de mim. Fui criada para enfrentar os problemas e não fugir deles. Sempre transformei problemas em soluções.”

Durante a live, ela também opina sobre a digitalização como processo de avanço da sociedade no pós-pandemia. “O digital não é uma cultura, é um sistema de vida.”

Aos 68 anos, Luiza Helena é a única executiva brasileira na lista global do World Retail Congress, um dos maiores e mais importantes eventos de varejo do mundo. Durante a quarentena, ela tem mantido a rotina intensa de trabalhos, que abrange as militâncias, empresarial e política. Isso mesmo. A executiva afirma que é política, no significado amplo da palavra, não no sentido partidário.

“Nós queremos um Brasil melhor, queremos diversidade, queremos democracia, sem falar mal de ninguém ou ser contra ou a favor de um ou outro. Acredite no País, acredite em você e vamos lutar. A gente merece um País maravilhoso”, finaliza.

Assista a entrevista aqui e em todas as redes sociais da revista IstoÉ Dinheiro.