A França manifestou sua “preocupação”, depois que 800 familiares de extremistas estrangeiros do Estado Islâmico (EI) fugiram de um acampamento de refugiados na Síria, e pediu à Turquia o fim de sua intervenção contra os curdos – afirmou a porta-voz do governo neste domingo (13).

“Evidentemente, estamos preocupados com o que possa acontecer, e é por isso que desejamos que a Turquia acabe o mais rápido possível com sua intervenção” militar no norte da Síria, declarou a porta-voz Sibeth Ndiaye, em entrevista à televisão pública francesa.

“No momento, não sei quem são exatamente as pessoas que fugiram do acampamento. Desde o início desta intervenção armada, isso era uma preocupação para a França”, insistiu a porta-voz, referindo-se aos “jihadistas franceses que sempre consideramos que deveriam ser julgados no local”.

As autoridades curdas anunciaram hoje a fuga destes quase 800 familiares de jihadistas estrangeiros do EI, que deixaram um acampamento de deslocados no norte da Síria. Esta infraestrutura fica perto de onde acontecem os combates entre as forças curdas e pró-turcas.

Na sequência, a França pediu uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, e outra, dos membros da coalizão internacional que intervém na Síria. “Também anunciamos que não forneceramos mais armas para a Turquia”, frisou Sibeth.

Nesta mesma direção, a chanceler alemã, Angela Merkel, pediu ao presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que pare “imediatamente” a ofensiva no nordeste da Síria, advertindo que ela pode favorecer “a desestabilização da região e um ressurgimento do EI”.

Merkel conversou por telefone com Erdogan e “se pronunciou a favor de uma interrupção imediata da operação militar”, disse seu gabinete em um comunicado.

Ainda segundo a chanceler, a operação pode forçar grande parte da população a abandonar suas casas.

Macron recebeu Merkel em Paris, neste domingo, onde ambos reforçaram que “nossa vontade comum é que esta ofensiva pare”.

“Nossa convicção é que esta ofensiva traz, por um lado, o risco – como constatamos no terreno – de criar situações humanitárias insuportáveis e, por outro, ajudar o Daesh [acrônimo do EI em árabe] a ressurgir na região”, acrescentou Macron, que reunirá um conselho de Defesa à noite.

– Embargo de armas

No sábado, Alemanha e França anunciaram a interrupção da venda de armas para a Turquia, em meio à sua ofensiva na Síria contra as Unidades de Proteção Popular (YPGs), um grupo considerado “terrorista” por Ancara. As YPSs são afiliadas aos rebeldes curdos que vivem em solo turco e foram grandes aliados da coalizão de países ocidentais na luta contra o Estado Islâmico.

Neste domingo, o presidente Erdogan garantiu que as ameaças de sanções e embargos à venda de armas não impedirão a operação contra as milícias curdas no nordeste sírio.

“Depois de termos lançado a operação, enfrentamos ameaças como sanções econômicas, ou embargos à venda de armas. Aqueles que acham que podem fazer a Turquia recuar estão muito enganados”, declarou Erdogan em um discurso em Istambul.

Segundo Erdogan, as forças turcas e os grupos sírios que as apoiam já controlam uma zona de 109 km2 do território sírio então nas mãos dos curdos. Ainda de acordo com o presidente, os militares turcos assumiram o controle da localidade fronteiriça de Ras al-Ain.

Já o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) informou neste domingo que as forças turcas e grupos sírios aliados dominaram Tal Abyad, a maior cidade conquistada até o momento desde o início da ofensiva de Ancara na última quarta-feira.