Um ano depois que Israel e Emirados Árabes Unidos normalizaram suas relações por meio de um acordo negociado pelos Estados Unidos, uma série de projetos foram assinados, que vão do turismo à aviação, passando pela tecnologia de ponta.

Em 15 de setembro de 2020, os Emirados se tornaram o primeiro país do Golfo a estabelecer relações formais com Israel, e o terceiro país árabe depois do Egito, em 1979, e Jordânia, em 1994.

No mesmo dia, Bahrein também normalizou as relações e posteriormente Sudão e Marrocos se uniram aos Acordos de Abraão, negociados por Washington, para normalizar as relações com Israel.

A seguir, alguns aspectos importantes do acordo histórico.

– Quais são os benefícios econômicos? –

Emirados e Israel querem maximizar os benefícios econômicos da normalização, especialmente Dubai, que deseja expandir seus setores de turismo e tecnologia.

As duas partes abriram embaixadas no outro país e assinaram uma infinidade de acordos comerciais.

Desde o ano passado, várias empresas israelenses de inteligência artificial, tecnologia financeira e agricultura se instalaram nos Emirados.

Os acordos comerciais entre os dois países, cujas economias foram afetadas pela pandemia de coronavírus, alcançaram 500 milhões de dólares em agosto, sem incluir investimentos, graças aos acordos em turismo, aviação e serviços financeiros.

Os Estados Unidos, aliados firmes de Israel, aprovaram a venda de aviões de combate F-35 aos Emirados por 23 bilhões de dólares, depois que Dubai reconheceu Israel.

“O principal benefício para os Emirados foi econômico”, disse à AFP Elham Fakhro, analista do International Crisis Group.

“O turismo, os intercâmbios culturais, acordos de cibersegurança e trocas diplomáticas beneficiaram os dois Estados”, acrescentou.

Segundo o consulado israelense em Dubai, quase 200.000 israelenses visitaram os Emirados desde o estabelecimento das relações.

– O que a Arábia Saudita vai fazer? –

A Arábia Saudita, uma potência no Golfo, insistiu que manteria sua política de não estabelecer vínculos formais com Israel até que o conflito com os palestinos seja resolvido.

No entanto, a preocupação mútua sobre o Irã aproximou gradualmente Israel dos países árabes do Golfo, e Riad leva anos construindo relações com Israel.

Os analistas afirmam, porém, que a normalização entre ambos não está à vista.

“Riad não parece inclinada a normalizar formalmente as relações com Israel sob o rei Salman”, afirmou à AFP Hugh Lovatt, do Conselho Europeu das Relações Exteriores.

“Mas está claro que os dois países já têm um nível significativo de diálogo político e de segurança”, acrescentou.

Segundo Fakhro, se a Arábia Saudita normalizar as relações, será “sob seus próprios termos (…) e cálculos internos”.

– E os palestinos? –

Os palestinos críticos ao acordo afirmam que qualquer normalização com Israel legitima a ocupação dos territórios palestinos.

Segundo as autoridades dos EAU, Israel concordou em suspender a anexação dos territórios ocupados da Cisjordânia, embora o então primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tenha esclarecido que o plano não estava descartado a longo prazo.

Em maio, os novos aliados de Israel se encontraram em uma situação complexa, ao emitirem declarações de condenação à escalada da violência entre Israel e os palestinos.

A violência em Jerusalém, especialmente na Esplanada das Mesquitas, foi a pior desde 2017 e foi alimentada pelas tentativas dos colonos israelenses de ocuparem casas palestinas.

Segundo os analistas, os confrontos não afetaram os acordos de normalização e Fakhro defendeu que os acordos “nunca foram sobre os palestinos”.

Para Lovatt, os acordos de normalização com os Emirados e Bahrein nunca estiveram em risco.

“Se baseiam em importantes interesses bilaterais que, na verdade, não têm nada a ver com a questão palestina”, afirmou.

“Em vez disso, esses eventos mostram o quão robustas são essas relações”, acrescentou Lovatt.