Frustração com a falta de ritmo da atividade econômica e insatisfação com o repique de inflação deste início de ano são os principais fatores por trás da falta de ímpeto dos consumidores para gastar, na avaliação do economista Antônio Everton, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A entidade informou nesta sexta-feira, 26, que o índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) recuou 1,9% em abril ante março, para 96,2 pontos, a segunda queda seguida.

“Todos os subíndices do ICF caíram em abril. Isso coloca o indicador numa posição tão negativa como a que ocorreu com a greve dos caminhoneiros no ano passado. Podemos constatar um certo desalento ou arrefecimento do otimismo com a economia”, disse Everton.

Embora o quadro negativo do mercado de trabalho siga como pano de fundo da falta de disposição para consumir, para Everton, a piora recente do ICF está relacionada também à dinâmica de inflação e juros. Se o repique inflacionário, puxado pelos combustíveis e pelos alimentos, provoca um mau humor generalizado, a dificuldade de a queda nos juros chegar ao consumidor final mina a intenção de comprar, especialmente bens duráveis, como eletrodomésticos.

Para embasar a relevância desses fatores mais conjunturais, Everton lembrou que, no ICF de abril, os subíndices Momento para Duráveis (-5,8%) e Perspectiva de Consumo (-3,3%) foram os que mais influenciaram a retração. No caso dos juros, que afetam diretamente o consumo de duráveis, o economista da CNC lembrou que, embora a taxa básica não tenha subido, quando os juros finais param de cair, a percepção para o consumidor é de piora.