A economia francesa perdeu seis pontos percentuais de crescimento em dois meses de confinamento, e a atividade diminuiu 27% em abril – informou o Banco da França nesta terça-feira (12).

“Esses dois meses custaram quase 6% de queda ao crescimento anual”, disse governador do Banco da França, François Villeroy de Galhau, em declarações à rádio France Inter.

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“As perdas para o ano como um todo serão maiores, porque a atividade continua parcial durante a retomada”, acrescentou o governador do Banco Central francês.

A Comissão Europeia prevê uma queda de 8,2% no Produto Interno Bruto (PIB) da França em 2020, enquanto o Banco da França fará sua primeira estimativa para o ano inteiro em junho.

De acordo com um relatório de conjuntura publicado pelo Banco Central francês, a atividade econômica na França caiu 27% em abril, devido ao confinamento decretado no combate ao coronavírus. Trat-se de uma queda um pouco menor do que na segunda quinzena de março, quando foi de 32%.

Com a saída do confinamento, a economia poderá recuperar “cerca de dez pontos de atividade no final de maio”, disse o governador, que prevê uma queda limitada a 17% para todo o mês.

Essas quedas na atividade são medidas em relação à trajetória que a economia francesa provavelmente teria seguido sem a pandemia, ou seja, um crescimento de 0,1% no primeiro trimestre de 2020, previsto pela instituição no início de março.

Nesta terça, o Banco Central não forneceu estimativas para o trimestre como um todo, como costuma fazer, porque a incerteza sobre o ritmo da recuperação da atividade é muito grande.

Em abril, com um mês inteiro de confinamento, “a atividade econômica atingiu um nível particularmente baixo”, indica a nota da conjuntura.

Perante esta crise sem precedentes, “apoiamos a tesouraria das empresas”, disse Villeroy de Galhau.

“Na fase dois, a fase da retomada da atividade econômica, serão necessárias ações pacientes e seletivas, desta vez para ajudar o patrimônio de algumas empresas que estarão em dificuldades (…) com muitas dívidas”, acrescentou.

Durante o confinamento, a atividade industrial ficou menos paralisada do que os setores de serviços, hotéis e restaurantes.

No entanto, o Banco da França registrou uma taxa historicamente baixa de 46% na utilização das capacidades de produção industrial em abril.

Uma taxa, porém, altamente variável, dependendo do setor, de 77% na indústria farmacêutica, mas apenas 8% na indústria automobilística.

As empresas “se adaptaram e implementaram diferentes medidas para proteger a saúde dos trabalhadores, o que permitiu limitar o fechamento de fábricas e retomar a produção”, afirmou o Banco da França.