O Tribunal de Cassação da França, a maior jurisdição do país, rejeitou nesta quarta-feira o recurso apresentado por Félicien Kabuga, suposto tesoureiro do genocídio em Ruanda, contra sua transferência a Arusha, na Tanzânia, sede do tribunal da ONU que deve julgá-lo por genocídio e crimes contra a humanidade.

A corte validou a decisão de 3 de junho do tribunal de apelação de Paris que ordenou a entrega do octogenário à instituição responsável por concluir os trabalhos do Tribunal Internacional para Ruanda (TPIR), por considerar que “não há obstáculos jurídicos ou médicos” para a transferência.

A França tem um mês para entregar Kabuga, que foi detido em 16 de maio nas proximidades de Paris, depois de permanecer foragido por 25 anos.

Félicien Kabuga é acusado de ter participado na criação das milícias hutu Interahamwe, principais braços armados do genocídio de 1994 que provocou, segundo a ONU, 800.000 mortes, essencialmente entre a minoria tutsi. E de ter contribuído com sua fortuna para proporcionar milhares de machados aos milicianos.

O ex-presidente da tristemente célebre Rádio Televisão Livre das Mil Colinas (RTLM), que divulgou apelos a favor do massacre dos tutsis, rejeita as sete acusações apresentadas.