Os franceses continuaram neste domingo pelo segundo dia consecutivo com seus protestos contra a alta dos impostos sobre os combustíveis e conta a política do governo que prejudica o poder aquisitivo, em várias cidades do país.

Os chamados “coletes amarelos” se concentram principalmente perto do Palácio do Eliseu, sede da presidência, onde as forças de segurança usaram gases lacrimogêneos.

Apesar de não conseguirem paralisar toda a França, o país se viu afetado por suas ações, organizadas sem a presença de partidos políticos e sindicatos.

Até o momento, uma manifestante de 63 anos morreu atropelada e mais de 400 pessoas ficaram feridas, 14 com gravidade, além das 282 que foram presas.

“O governo está atento a todas as mobilizações”, afirmou o ministro do Interior Christophe Castaner durante a semana.

Por ora, nem o primeiro-ministro Edouard Philippe, nem o presidente Emmanuel Macron fizeram comentários neste domingo, deixando Castaner à frente da crise.

O movimento dos “coletes amarelos”, uma referência à jaqueta que os motoristas devem usar para ter maior visibilidade em caso de acidente na França, protesta contra a alta do preço dos combustíveis e um imposto ecológico e tem o apoio de 73% dos franceses, segundo o instituto de opinião Elabe.

O governo francês anunciou na quarta-feira medidas para ajudar as famílias mais pobres a cobrir os gastos com energia, mas manteve o imposto sobre o combustível que desencadeou esse protesto.

“Nós não vamos anular o imposto sobre as emissões de carbono, não vamos mudar de curso, não vamos desistir de fazer frente ao desafio” da mudança climática, disse o primeiro-ministro durante a semana.

O novo imposto começará a ser aplicado em 1º de janeiro de 2019 e envolverá um aumento de 6,5 centavos de euro por litro de gasóleo e 2,9 centavos por litro de gasolina.

O governo também anunciou um bônus de até 4.000 euros para incentivar 20% das famílias mais pobres a trocar de carro e comprar uma versão menos poluente. Até agora, o bônus era de até 2.500 euros para trocar o carro antigo.

No mesmo dia do anúncio, o presidente Macron fez um mea culpa sem precedentes, admitindo que não conseguiu “reconciliar o povo francês com seus líderes” e prometeu uma “reconciliação entre a base e o topo” do país.