Por Mathieu Rosemain

PARIS (Reuters) – Alguns dos dados de empresas e de governo mais confidenciais da França podem ser guardados com segurança usando a tecnologia de armazenamento em nuvem desenvolvida pelo Google ou pela Microsoft, desde que seja licenciada para empresas francesas, disse o governo do país nesta segunda-feira.

O comentário, parte do plano estratégico apresentado pelo Ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, e dois outros ministros, reconhece a superioridade tecnológica dos Estados Unidos na área e contrasta com os apelos anteriores de políticos europeus por alternativas totalmente locais.

Google e Microsoft, junto com a líder de mercado Amazon, dominam o setor de armazenamento de dados em todo o mundo, alimentando preocupações na Europa sobre o risco de espionagem pelos Estados Unidos.

No entanto, uma alternativa de armazenamento em nuvem “confiável” pode ser desenvolvida dentro da Europa, disse Le Maire, garantindo a localização dos servidores em solo francês, bem como a propriedade europeia das empresas que armazenam e processam os dados.

“Portanto, decidimos que as melhores empresas – estou pensando em particular na Microsoft ou no Google – poderiam licenciar toda ou parte de sua tecnologia para empresas francesas”, disse Le Maire em entrevista coletiva. Ele não mencionou a Amazon.

O Google disse que aprovou o “esclarecimento” fornecido pelo governo francês, acrescentando que apoia “a necessidade de maiores níveis de segurança”. A Microsoft disse que esta é uma boa notícia para a transformação digital da França “com total independência”.

O serviço de computação em nuvem da Amazon tem colaborado, por meio de parcerias, com várias grandes empresas francesas, incluindo a estatal de telecomunicações Orange, disse o diretor geral da companhia na França, Julien Groues, à Reuters. “Isso é algo que temos feito há muitos anos”, comentou ele.

Uma classificação chamada de “nuvem confiável” será atribuída às empresas que oferecem serviços de armazenamento em nuvem que respeitam os princípios mencionados por Le Maire e outras condições estabelecidas pela agência francesa de segurança cibernética, ANSSI.

“Esperamos que surjam outras alianças franco-americanas nesta área, o que nos permitirá ter a melhor tecnologia e, ao mesmo tempo, garantir a independência dos dados franceses”, disse o ministro de Assuntos Digitais, Cedric O.

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