O governo da França apresenta, nesta quinta-feira (3), um gigantesco plano de reativação da economia, fortemente atingida pelo coronavírus, com o qual busca reverter a queda do crescimento e evitar demissões em massa em empresas em dificuldades.

A administração do presidente Emmanuel Macron injetará 100 bilhões de euros (120 bilhões de dólares) na economia em dois anos, para conter o impacto devastador do coronavírus em um momento em que os surtos da covid-19 se multiplicam no país.

“Este plano não se contenta em curar as feridas da crise. Ele prepara o futuro”, afirmou o primeiro-ministro Jean Castex em entrevista ao jornal Le Figaro.

A soma, uma combinação de gastos e incentivos fiscais, é quatro vezes a quantia que a França gastou mais de uma década atrás para enfrentar a crise financeira global e representa um terço de seu orçamento anual, detalhou Jean Castex.

A meta é voltar em 2022 aos níveis de atividade pré-crise e tentar conter as demissões, que podem chegar a 800 mil neste ano.

O objetivo é “criar 160.000 empregos em 2021”, detalhou Castex nesta quinta-feira em entrevista à rádio RTL, na qual apelou às empresas do país a fazerem um esforço neste sentido.

Após 460 bilhões de euros em apoio emergencial mobilizado desde o início da crise sanitária, o plano de recuperação é um plano de investimento de médio prazo com três prioridades: transição ecológica, competitividade empresarial e coesão social, de acordo com o governo.

Trinta bilhões de euros serão assim dedicados à ecologização da economia, uma “aceleração sem precedentes”, segundo o governo.

O setor de transportes irá receber 11 bilhões de euros, incluindo 4,7 bilhões para a operadora ferroviária SNCF para financiar o transporte ferroviário de mercadorias, pequenas linhas e o tráfego noturno.

As medidas para os próximos dois anos também incluem cortes de impostos para empresas no valor de 10 bilhões de euros.

O emprego juvenil também é uma meta importante do governo, com 6,5 bilhões de euros destinados ao incentivo à contratação dos mais jovens.

Além das medidas emergenciais, o governo francês também espera estimular o investimento em tecnologias verdes e ajudar alguns setores econômicos, como o da saúde, a serem mais competitivos.

O impacto do vírus mergulhou a economia francesa em sua pior crise desde 1945, com o Produto Interno Bruto (PIB) despencando 13,8% no segundo trimestre, após uma queda de mais de 5% no primeiro.

De acordo com as projeções do governo, o PIB deve contrair 11% este ano.