O governo francês disse nesta quinta-feira (14) que seria “inaceitável” que o grupo farmacêutico Sanofi desse prioridade aos Estados Unidos no caso de encontrarem uma vacina contra a COVID-19, como afirmou um funcionário da empresa.

“Para nós, seria inaceitável que haja um acesso privilegiado para este, ou aquele país, sob um pretexto que seria monetário”, disse a secretária de Estado da Economia da França, Agnès Pannier-Runacher, em declarações a uma emissora de rádio.

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O governo dos Estados Unidos terá “direito a pedidos maiores”, disse o CEO da Sanofi, Paul Hudson, em entrevista à agência Bloomberg na quarta-feira, alegando que o país “investiu para tentar proteger sua população”.

Segundo ele, os Estados Unidos “compartilham o risco” ao procurarem tratamento em colaboração com a Autoridade de Pesquisa e Desenvolvimento Biomédica Avançada (BARDA).

Hudson acrescentou que esse avanço pode acontecer em alguns dias, ou semanas.

Nesta quinta-feira, porém, o diretor da Sanofi na França, Olivier Bogillot, garantiu que o grupo não dará prioridade aos Estados Unidos na distribuição de uma vacina, se a União Europeia (UE) for igualmente “eficaz” para financiar seu desenvolvimento.

“Os americanos são eficazes neste período. A UE também deve estar nos ajudando a disponibilizar esta vacina rapidamente”, afirmou.

Em uma nota, a Sanofi disse ainda que “a produção em solo americano seria dedicada principalmente aos Estados Unidos, e o restante de suas (capacidades) de produção seria destinado à Europa, à França e ao resto do mundo”.

A empresa também se comprometeu a tornar esta possível vacina “acessível a todos”.

“A Sanofi disse que seria acessível a todos os países e estou satisfeito. Essa vacina deve ser um bem público global”, disse à Rádio France Info a ministra francesa de Educação Superior, Pesquisa e Inovação, Frédérique Vidal.

“Nos Estados Unidos, sempre há essa espécie de preferência nacional, o que significa que, quando existe um produto inovador fabricado em seu solo, há uma prioridade de distribuição para os americanos”, disse o virologista Bruno Lina, membro do conselho científico francês.

“Fábricas de produção localizadas nos Estados Unidos servirão aos Estados Unidos e aquelas fora dos Estados Unidos servirão ao resto do mundo”, acrescentou.