A descoberta de fósseis de um macaco desconhecido, datado de mais de 11 milhões de anos, permite compreender melhor como nossos ancestrais começaram a caminhar, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (6) na revista Nature.

Embora exista um consenso sobre o fato de que nossos ancestrais ficaram de pé há entre sete e cinco milhões de anos, o “como” continua sendo objeto de debate na comunidade científica.

Alguns consideram que a mudança ocorreu quando ainda viviam nas árvores, endireitando-se sobre as duas pernas, enquanto outros defendem que primeiro começaram a se deslocar pelo solo a quatro patas.

A descoberta na Baviera (Alemanha) de fósseis de um novo macaco, datado de 11,62 milhões de anos atrás, cujos ossos dos membros inferiores e posteriores estão bem conservados, inclinam a balança na direção da primeira teoria.

“Os fósseis compreendem os restos de ao menos quatro indivíduos, com um esqueleto parcial suficientemente completo para descrever, em detalhe, a morfologia dos membros e da coluna vertebral e as proporções do corpo”, explicam no estudo Madelaine Bôhme, da Universidade de Tübingen, e seus colegas.

Chamado “Danuvius guggenmosi”, o primata tem braços feitos para pular entre os galhos e membros posteriores morfologicamente adaptados para caminhar.

Este macaco tinha também um dedo do pé grande, que lhe permitia caminhar sobre a planta dos pés, segundo o estudo. Uma característica que sugere que o primata “pode ter caminhado com os pés planos sobre os galhos”, explica em um comentário publicado junto ao estudo Tracy Kivell, da Universidade britânica de Kent.

“Os membros desta espécie se deslocavam de uma forma até agora desconhecida”, segundo Kivell, que vê nisso “um bom modelo de possível locomoção para os últimos ancestrais comuns” aos grandes macacos e ao homem.