A forte valorização da criptomoeda Bitcoin verificada ao longo de 2017 apresenta bons indícios de ter sido sustentada por manipulação do mercado, aponta estudo elaborado por pesquisadores norte-americanos da Universidade do Texas, em Austin. Dados da plataforma CoinMarketCap mostram que, no primeiro dia do ano passado, a divisa virtual era cotada em US$ 998,62 por unidade e chegou à máxima de US$ 19.758,20 em 17 de dezembro do mesmo ano, com uma valorização de 1.978%.

Utilizando algoritmos para analisar dados do sistema blockchain (tecnologia por trás das moedas virtuais), os pesquisadores verificaram que ordens de compra de Bitcoin pagas com uma outra moeda virtual, Tether, direcionaram as cotações do mercado.

“Percebemos que compras com Tether ocorreram após quedas do mercado e resultaram em altas consideráveis nos preços do Bitcoin”, dizem os pesquisadores em relatório. “Menos de 1% das horas associadas a grandes transações de Tether são associadas com 50% da alta meteórica do Bitcoin e 64% de outras das principais criptomoedas.”

O Tether é uma criptomoeda supostamente lastreada em dólar e cujo objetivo é tornar mais fluida a negociação de outras moedas digitais. Na pesquisa, as descobertas sugerem que os emissores do Tether estavam aumentando a produção da moeda virtual para comprar Bitcoins, o que criou uma demanda artificial e sustentou os preços.

De acordo com os pesquisadores, o momento e a magnitude das ordens de compra não condizem com a demanda natural de investidores.

As transações também coincidiam com cotações do Bitcoin múltiplas de US$ 500, indicando que os manipuladores tentavam impor a impressão de patamares de resistência no mercado, o que tornava a moeda virtual mais atrativa a compradores.