As forças azerbaidjanas estão a poucos quilômetros da cidade estratégica de Shusha, em Nagorno Karabakh, anunciou nesta quinta-feira (29) o presidente desta região separatista, onde se enfrentam tropas do Azerbaijão e separatistas armênios.

“O inimigo está a poucos quilômetros de Shusha, no máximo a 5 km”, declarou Arayik Harutyunyan em um vídeo publicado no Facebook.

“O objetivo principal do inimigo é invadir Shusha (…) e quem tiver o controle de Shusha, controla Artsakh”, acrescentou, usando o nome armênio de Nagorno Karabakh.

Shusha fica a uns 15 km de Stepanakert, capital desta região montanhosa, e na rodovia que liga Nagorno Karabakh à Armênia.

O controle de Shusha, construída nas alturas, permite pôr diretamente na alça de mira a capital separatista.

“Nos próximos dias, é preciso inverter a situação no front e castigar o inimigo diretamente nas portas de Shusha”, declarou Harutyunyan, no vídeo gravado perto de uma catedral histórica armênia situada nesta cidade. “Vamos nos unir e lutar juntos”, disse.

Desde a retomada dos combates, em 27 de setembro, as forças azerbaidjanas reconquistaram territórios que escaparam de seu controle desde os anos 1990 e da guerra que provocou 30.000 mortos, o que desembocou na secessão de Nagorno Karabakh, hoje povoada quase que exclusivamente por armênios.

A região, apoiada pelo governo armênio, declarou sua independência depois da guerra, em 1994, mas não foi reconhecida pela comunidade internacional, nem mesmo pela Armênia.

– “Cruel e absurdo” –

Nesta quinta, as autoridades de Nagorno Karabakh acusaram as forças azerbaidjanas de terem bombardeado maciçamente Stepanakert, que já foi atingida por disparos várias vezes desde o fim de setembro.

“O Azerbaijão atacou Stepanakert durante várias horas, dezenas de mísseis atingiram a cidade”, informou à AFP um alto funcionário local, Artak Beglarian, que acrescentou que “civis ficaram feridos” neste ataque.

Este anúncio ocorreu após um ataque, na véspera, contra a cidade azerbaidjana de Barda, perto de Nagorno Karabakh.

O governo azeri acusa o exército armênio de ter matado 21 pessoas e ferido outras dezenas. Outros cinco civis morreram na véspera.

A ONG Anistia Internacional acusou nesta quinta-feira todos os participantes no conflito de usar bombas com munição, o que é proibido.

Segundo balanços parciais, mais de 1.250 pessoas, das quais 130 civis dos dois lados morreram em enfrentamentos.

O Azerbaijão anunciou nesta quinta-feira ter entregue à Armênia os corpos de 30 soldados mortos em combate.

“A Armênia não mostrou boa vontade neste aspecto”, mas graças a uma mediação russa, “aceitou abrir um corredor humanitário”, informou um conselheiro do presidente Aliev, Hikmet Hajiyev.

Uma porta-voz do ministério armênio da Defesa, Chouchan Stepanian, confirmou o translado sob mediação russa e da Cruz Vermelha, acrescentando que seu país está disposto a entregar corpos de soldados azerbaidjanos.

Os chefes da diplomacia azerbaidjana e armênia deviam se reunir nesta quinta-feira em Gebebra, mas a reunião foi adiada para a sexta, segundo o ministério azeri de Relações Exteriores.