O que pode acontecer quando gigantes do setor de tecnologia unem forças em torno de um objetivo comum? Nos últimos dois anos, a IBM e a Intel tentaram descobrir a resposta para a pergunta. Seus técnicos se fecharam numa sala para desenvolver uma tecnologia capaz de atender as atuais demandas do mercado por preço baixo e customização. No início do mês parecem tê-la encontrado. As empresas anunciaram que irão disputar a hegemonia de um mercado que cresce a taxas anuais de 100%. O jogo é em torno de uma nova tecnologia para os computadores corporativos, conhecidos com servidores. Batizados de máquinas blade (lâmina, em inglês), os equipamentos permitem que uma empresa dimensione os seus gastos de tecnologia de acordo com as ondas de mercado, reduzindo custos com uma aquisição maior do que a necessária. A IBM e Intel abriram parte dos seus segredos para os concorrentes na intenção de transformar a sua tecnologia no padrão de mercado e dessa forma levar para esse novo universo o monopólio que cada uma possui em sua respectiva área. A IBM em serviços e no mundo dos computadores de grande porte (mainframes) e a Intel na fabricação de chips. Dessa parceria pode surgir uma grande oportunidade de negócios ou, na visão dos mais otimistas, uma nova companhia: IBMtel ou quem sabe Imtel.

A consultoria International Data Corporation (IDC) estima que esse mercado que a Intel e a IBM estão entrando terá receitas regulares nos próximos anos. Os computadores dessa tecnologia representam cerca de 4% do mercado de computadores corporativos e responderão por 28% das vendas totais do mercado em 2008. Serão quase 10 milhões de máquinas com essa tecnologia em operação no planeta nos próximos quatro anos. Tudo em função da flexibilidade ofertada às empresas para crescer ou reduzir seus custos do parque tecnológico. Em um mesmo espaço físico pode-se adicionar diferentes computadores, equipamentos para armazenamento de dados e redes de comunicação pela internet. ?Ainda é cedo para falarmos em um padrão comum a todo um mercado?, afirmou à DINHEIRO André Echeveria, diretor de marketing da Sun Microsystems no Brasil. A própria Sun atua nesse mercado há três anos e ainda não alcançou uma margem expressiva nos negócios.

A associação IBM e Intel não é a primeira de dois gigantes em torno de um objetivo comum. O monopólio da Intel no mercado de processadores é devido em parte à sua capacidade de se ajustar com flexibilidade e preços atraentes aos desejos dos fabricantes de PCs e de softwares. A estratégia deu êxito. Hoje, os processadores Intel estão dentro de mais de 90% das máquinas em operação ou ainda em linha de produção no mundo. A companhia dirigida pelo executivo Craig Barret tem uma cultura de associações na sua trajetória, mas esta iniciativa com a IBM tem uma ligação direta com o futuro. A Intel sabe que os lucros do mercado de tecnologia dentro de alguns anos chegarão do setor de serviços na área de software. Fabricar computadores deixará de ser algo tão vantajoso como é hoje em dia. A própria IBM, liderada por Sam Palmisamo, abriu várias frentes nessa direção ao comprar a consultoria Price Waterhouse Coopers e apostar alto na difusão do sistema operacional Linux no mundo corporativo. O único lugar no qual a IBM continua atuando em larga vantagem é na área de mainframes, aqueles computadores de grande porte utilizados pela empresas para grandes processamentos de informação. A IBM não tem concorrentes e a sua rentabilidade com a venda de equipamentos está entre as maiores do mercado.

? R$ 10 milhões será o total de unidades vendidas dos computadores Blade em 2008, segundo o International Data Corporation