As vendas de suco de laranja nos Estados Unidos, maior mercado mundial do produto, registravam quedas consecutivas há cinco anos. Então veio a pior temporada de gripe em mais de uma década. Resultado: em janeiro, o consumo cresceu 0,9%, para 127,4 milhões de litros. A retomada, ainda que tímida, coincide com a alta taxa de incidência da enfermidade. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) americano, o vírus está espalhado por 49 Estados, maior área dos últimos 13 anos. Até o momento, 21 crianças morreram em decorrência da doença.

A alta no consumo da laranja se deve ao fato de as pessoas acreditarem que a vitamina C previne o contágio. Não é a primeira vez que esse fenômeno acontece. Em 2009, quando houve um surto do H1N1, a chamada gripe suína, as vendas da bebida cítrica aumentaram 8%, segundo o jornal The New York Times. Ainda não é possível determinar se a tendência vai beneficiar o Brasil, um dos grandes produtores mundiais. Porém, a safra 2017/2018, que começou em julho, já apresenta um aumento de 23% nas exportações, que somaram 585 mil toneladas, até dezembro.

Na safra passada (2016/2017), o Brasil exportou 895 mil toneladas do produto, o que representou uma queda de 17%. Foi o menor patamar em 25 anos. A questão é que a conexão entre o consumo de vitamina C e uma maior resistência à gripe, cientificamente, é polêmica. Estudos recentes sugerem que há uma tênue relação entre o suco de laranja e a prevenção da doença. Comercialmente, no entanto, vale o que o consumidor pensa.

(Nota publicada na Edição 1057 da Revista Dinheiro)