Um dos problemas mais críticos que o mundo enfrenta é a fome. Atualmente, estima-se que mais de 820 milhões de pessoas não têm a dose de alimentos necessária para sobreviver. Outros milhões vivem em situação de insegurança alimentar com restrições de quantidade e qualidade. O problema tende a se agravar na medida em que a população global cresce, o que deve gerar demanda extra de 50% na produção de alimentos ante o que é produzido hoje nos próximos 30 anos. Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) apontam que 127 milhões de toneladas de alimentos são jogadas fora por ano na América Latina. No Brasil, de acordo com a Embrapa, 41 mil toneladas de alimentos vão parar no lixo por dia. “O desperdício começa na colheita, quando 10% dos alimentos se perdem; 50% no manuseio e no transporte; 30% nas centrais de abastecimento, como Ceasa; e 10% nos supermercados e nas casas dos consumidores”, afirmou Luciana Chinaglia Quintão, fundadora e presidente da ONG Banco de Alimentos e autora do livro Inteligência Social – A Perspectiva de um Mundo sem Fome(S). Com a crise da Covid-19, a situação piorou. O número de pessoas com fome deve dobrar no planeta até o fim do ano, segundo o programa da ONU World Food Programme. Para reverter o problema, uma série de iniciativas estão sendo tomadas. Entre abril e agosto, a ONG Banco de Alimentos reforçou sua atuação com a distribuição de 4 milhões de quilos de alimentos, impactando positivamente a vida de mais de 800 mil brasileiros. No âmbito global, dois destaques. A FAO acaba de lançar a Plataforma Técnica de Medição e Redução de Perda e do Desperdício de Alimentos, com informações sobre medição, políticas, ações e exemplos de sucesso relacionados ao problema. A segunda foi o reconhecimento pela organização do Prêmio Nobel da urgência da questão ao eleger o World Food Programme como ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2020.

(Nota publicada na edição 1193 da Revista Dinheiro)