O engenheiro Paulo Vieira de Souza, mais conhecido como Paulo Preto, admitiu à Receita Federal ser dono de quatro contas na Suíça com saldo de 35 milhões de francos suíços, o equivalente a R$ 137,4 milhões, publicou a Folha de S.Paulo nesta terça-feira (2). O ex-diretor da Dersa, empresa de infraestrutura viária do governo paulista, é apontado como operador de propina para o PSDB e está preso pela terceira vez.

Ele já foi condenado a 145 anos de prisão, é investigado pela operação Lava Jato e foi citado em oito delações. Segundo advogados ouvidos pela reportagem, ao admitir ser titular das contas, Paulo Preto está isento da acusação de crime fiscal. A admissão de culpa também é uma estratégia para afastar a suspeita que políticos do PSDB, como o ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira, também fossem donos das contas.

Para outros analistas do judiciário, porém, admitir a titularidade das contas pode não trazer grandes vantagens ao engenheiro, visto que os benefícios de se livrar do crime fiscal podem ser menores diante da repercussão do caso na Justiça e na própria Receita Federal.

Paulo Preto já havia cogitado entregar as contas em 2016 e 2017 em programas de repatriamento de recursos, mas à época ele não cumpria alguns requisitos, como comprovar a regularidade do dinheiro. O engenheiro havia sido funcionário público por quase 20 anos e os negócios imobiliários que fizera depois não justificavam a existência de R$ 137 milhões na Suíça. Com a troca na defesa, uma nova estratégia foi desenvolvida.