Economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gita Gopinath afirmou nesta terça-feira, 12, que a recuperação global continua, mas “perdeu impulso”. Ela concede entrevista coletiva, no lançamento do relatório Perspectiva Econômica Mundial, no qual o fundo cortou sua previsão para o crescimento global neste ano de 6,0% a 5,9%, mantendo a estimativa de expansão de 4,9% em 2022.

Gopinath avaliou que, no geral, os riscos de baixa aumentaram pelo mundo, desde a publicação do relatório anterior do FMI. Ela destacou a divergência na retomada entre diferentes países, atribuindo isso a desigualdades no acesso a vacinas contra a covid-19 e também no tamanho dos estímulos adotados para apoiar o quadro. No caso de alguns países, há possibilidade de que o crescimento acabe por ser maior que o projetado, entre eles os Estados Unidos, notou.

Já sobre a China, a economista-chefe disse que houve um “pequeno corte” na projeção para o crescimento – que neste ano passou de 8,1% a 8,0%. Gopinath atribuiu isso a um aperto fiscal maior que o previsto e também citou “desafios” para o país no quadro atual, como problemas no seu setor imobiliário e também em cadeias de produção.

Brasil

Gita Gopinath afirmou que o “pequeno corte” na projeção para o crescimento do Brasil neste ano – de 5,3% em julho a 5,2% agora, segundo o relatório Perspectiva Econômica Mundial – é resultado do aperto na política monetária e também do quadro nos Estados Unidos. Ela citou o País brevemente, durante a entrevista coletiva no lançamento da publicação.

Gopinath disse que a revisão é fruto dos “efeitos que esperamos com a alta dos juros na política monetária, diante da inflação alta no Brasil e também por causa da previsão de menos crescimento nos Estados Unidos, que é um importante parceiro comercial”. Por outro lado, o FMI também notou que o avanço dos preços das commodities e o retorno dos setores industrial e de serviços após o auge do choque da pandemia da covid-19 “tem sido importante para a recuperação” brasileira.

Argentina

A economista-chefe do Fundo Monetário Internacional disse, ainda, que as expectativas de inflação na Argentina “continuam a estar desancoradas, neste momento”. A declaração foi dada na coletiva e em meio a negociações entre o fundo e Buenos Aires de mais um pacote de ajuda. Gopinath mencionou também “a crescente dependência em financiamento monetário” que ocorre na Argentina. “Nós continuamos a trabalhar proximamente, no nível técnico, com o governo argentino em busca de soluções por um crescimento mais sustentável”, afirmou.