Os problemas na implementação das reformas e as incertezas do cenário político doméstico podem afetar a entrada de capitais estrangeiros no Brasil neste ano, alerta o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em relatório sobre o setor externo de 2018, a organização lembra que o País ainda depende do investimento estrangeiro direto (IED) para financiar seu déficit em conta corrente e que esses fatores – juntamente com o cenário externo de redução da liquidez – permanecem como riscos negativos na atração de investidores.

“Apesar da incerteza política, a saída líquida de investimentos em portfólio declinou em 2017, após registrar alta substancial em 2016. O diferencial de juros, ainda grande apesar do recente relaxamento monetário, o grande mercado doméstico e grandes buffers externos devem ajudar a atrair fluxos de capitais”, diz a entidade no relatório. “Ainda assim, a rigidez do Orçamento, do setor bancário e dos mercados de trabalho e de bens, se não enfrentada adequadamente, pode enfraquecer o interesse do investidor.”

O FMI nota que a posição externa brasileira em 2017 foi consistente com os fundamentos econômicos de médio prazo e as políticas que ele considera adequada. Já o déficit em conta corrente deve crescer em 2018, dada a melhora do País no ciclo econômico.

Para apoiar esse quadro, a instituição avalia que o País deveria buscar elevar a poupança nacional, o que abriria espaço para uma expansão sustentável dos investimentos. “A consolidação fiscal, incluindo a que pode acontecer por meio do novo teto federal de gastos, e a reforma da Previdência devem ajudar a elevar a poupança pública”, aponta o documento.