O Fundo Monetário Internacional (FMI) pediu ao Brasil que mantenha a disciplina fiscal, mas que esteja pronto para dar mais apoio econômico para enfrentar a crise causada pela pandemia de covid-19, ao divulgar nesta quarta-feira (2) seu relatório anual sobre a maior economia da América Latina.

Em seu relatório do Artigo IV sobre o Brasil, o FMI destaca a “resposta rápida e eficaz” do governo de Jair Bolsonaro para impulsionar a economia e proteger os mais vulneráveis, mas lembra que o vírus ainda não foi controlado.

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“A pandemia de covid-19 exacerbou as vulnerabilidades de longa data do Brasil, de baixo potencial de crescimento, alta desigualdade de renda e posição fiscal fraca”, aponta.

Por isso, recomenda que as autoridades brasileiras mantenham o limite de gastos no orçamento de 2021, mas estejam preparadas para um estímulo fiscal adicional caso a situação econômica se agrave.

“A maioria dos diretores enfatizou que as autoridades devem estar preparadas para fornecer apoio direcionado adicional”, diz o FMI em um comunicado, observando que “vários diretores também alertaram sobre (o impacto de) uma retirada abrupta do apoio fiscal”.

O FMI observa ainda que a política monetária deve continuar sendo de apoio à economia em 2021, observando que alguns diretores indicaram que há espaço para flexibilizá-la ainda mais se a inflação permanecer dentro da meta pretendida.

O Banco Central do Brasil (BCB) manteve em outubro sua taxa básica em 2%, seu mínimo histórico, na tentativa de reativar a economia afetada pela crise do coronavírus e apesar do aumento da inflação.

De acordo com o comunicado do Fundo, os diretores “enfatizaram que a taxa de câmbio flexível e as reservas cambiais consideráveis permanecem como amortecedores importantes, e a intervenção no mercado de câmbio deve se limitar a tratar do excesso de volatilidade”.

– Reformas e dívida –

O FMI também aconselha o Brasil a avançar nas reformas estruturais que permitirão tornar sua economia mais competitiva, aberta e atraente para investimentos.

O FMI continua projetando uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 5,8% em 2020, mas estima uma recuperação de 2,8% em 2021, percentual inferior aos 3,3% anunciados em suas projeções de outubro.

O organismo financeiro multilateral afirma que a relação dívida pública/PIB deverá aumentar para 100%, devido à deterioração do déficit fiscal primário (antes do pagamento dos juros da dívida).

O Fundo alerta que o alto nível de endividamento expõe o Brasil a choques de confiança.

O Brasil, o segundo país do mundo com o maior número de vítimas fatais da covid-19 depois dos Estados Unidos, acumula mais de 173.000 mortes e 6,3 milhões de infecções, de acordo com uma contagem da AFP com base em fontes oficiais.