A direção-executiva do Fundo Monetário Internacional concedeu nesta sexta-feira (29) ao Chile uma linha de crédito de 23,93 bilhões de dólares durante dois anos para que o país possa enfrentar o impacto da pandemia do coronavírus, informou o organismo.

Essa Linha de Crédito Flexível (LCF) “deverá afiançar a confiança e, somada ao confortável nível das reservas internacionais, servir de salvaguarda diante dos riscos adversos”, apontou o FMI em comunicado, indicando que o governo de Sebastián Piñera prevê dar um tratamento preventivo e temporário ao acordo.

Criado para ajudar a proteger países com estruturas políticas sólidas e um histórico de bom desempenho econômico contra impactos externos, a LCF permite o acesso a recursos antecipadamente, sem condições posteriores. Além do Chile, o crédito foi concedido ao Peru, México e Colômbia.

A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, elogiou o Chile pelas “bases muito sólidas” de sua economia e “pelo excelente histórico de implementação de políticas macroeconômicas prudentes” que permitiram absorver os recentes contratempos.

Mas disse que “a economia aberta do Chile está exposta a riscos externos substanciais em consequência do surto de COVID-19, incluindo uma deterioração significativa na demanda global por exportações chilenas, um acentuado declínio ou reversão dos fluxos de capital para os mercados emergentes e um endurecimento abrupto das condições financeiras globais”.

Georgieva disse que esse auxílio deve ajudar o Chile a aumentar a confiança do mercado em meio à incerteza e volatilidade geradas pela pandemia.

“As autoridades pretendem tratar o acordo da LCF como preventivo e temporário, e sair assim que o período de 24 meses estiver concluído, sob a condição de uma redução de riscos no momento da revisão de médio prazo”, disse ele.

O Chile solicitou essa linha de crédito em meados de maio, depois que as medidas impostas para impedir a propagação do vírus agravaram uma situação econômica já complicada no país andino.

As manifestações massivas exigindo reformas sociais do governo de direita em outubro tiveram um impacto no Produto Interno Bruto (PIB), que fechou 2019 com um aumento de 1,1%, o menor em uma década.

Para 2020, as autoridades chilenas estimaram uma contração de até 2,5% do PIB anual, mas o FMI prevê que a queda chegaria a 4,5%.

O Fundo alertou semanas atrás que a recessão econômica devido à pandemia poderia atingir países como o Chile com “novos protestos, principalmente se as ações políticas para amenizar a crise de COVID-19 forem consideradas insuficientes ou favorecer injustamente as grandes corporações e não as pessoas”.