O Fundo Monetário Internacional (FMI) enviará outra missão para Buenos Aires, em novembro, com o objetivo de iniciar conversas sobre um novo programa de ajuda para a Argentina, país que enfrenta “desafios excepcionalmente difíceis sem soluções fáceis” – informou a instituição nesta segunda-feira (12).

Uma equipe do Fundo se reuniu com autoridades em Buenos Aires de 6 a 11 de outubro para discutir os desafios do país em meio à pandemia de coronavírus – incluindo a bilionária dívida contraída com a organização – e para “trocar opiniões sobre a melhor maneira de abordá-los”, disse o FMI em um comunicado.

“A equipe planeja retornar para Buenos Aires em meados de novembro para iniciar as discussões sobre um novo programa apoiado pelo FMI”, afirma a nota.

A vice-diretora do Departamento das Américas do FMI, Julie Kozack, e o chefe da Missão para a Argentina, Luis Cubeddu, destacaram o alcance da crise argentina em um comunicado conjunto.

“A Argentina enfrenta dificuldades econômicas e sociais complexas, no contexto de uma crise de saúde sem precedentes. A profunda recessão provocou um aumento dos já elevados níveis de pobreza e desemprego, cujos efeitos são agravados por pressões significativas no mercado cambial”, disseram.

“Esses são desafios excepcionalmente difíceis, sem soluções fáceis. Um conjunto abrangente de políticas pode apoiar a restauração da confiança, mas deve ser devidamente calibrado para fomentar a recuperação econômica e garantir a estabilidade macroeconômica”, observaram.

“Compartilhamos o compromisso das autoridades com políticas que garantam uma consolidação orçamental favorável ao crescimento e, ao mesmo tempo, protejam os mais vulneráveis, permitam uma redução gradual da inflação e estimulem a criação de emprego, o investimento e as exportações”, indicaram.

Kozack e Cubeddu consideraram “produtivas” as reuniões com o governo Alberto Fernández, bem como com congressistas, membros do setor privado, sindicatos e representantes da sociedade civil.

A Argentina tem um acordo em vigor com o FMI de 57 bilhões de dólares desde 2018. Desse total, recebeu 44 bilhões de dólares em meio a uma crise cambial. Fernández se recusou a receber o restante do dinheiro quando assumiu o cargo em dezembro passado, enquanto buscava um acordo com credores privados para reestruturar dívidas de mais de 100 bilhões de dólares.