O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou nesta terça-feira (27) sua previsão de crescimento para a América Latina e o Caribe, impulsionada por projeções mais otimistas no Brasil e no México, as principais economias da região.

Após uma contração de 7% em 2020 devido à crise provocada pela pandemia de covid-19, a mais pronunciada no mundo, espera-se que o Produto Interno Bruto (PIB) de América Latina e Caribe cresça 5,8% em 2021 e 3,2% em 2022, informou o Fundo na atualização trimestral de suas Perspectivas da Economia Mundial (WEO na sigla em inglês).

Isto representa 1,2 ponto percentual a mais em 2021 e 0,2 ponto adicional para 2022 sobre o projetado em abril.

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“A melhora do prognóstico para a América Latina e o Caribe se deve principalmente às revisões para cima no Brasil e no México, o que reflete resultados melhores do que o esperado no primeiro trimestre, efeitos de contágio favoráveis ao México pela melhora das perspectivas para os Estados Unidos, e um auge dos termos de intercâmbio no Brasil”, destacou o FMI.

Para o Brasil, o Fundo disse esperar um crescimento do PIB de 5,3% em 2021 (+1,6 ponto percentual em relação a abril) e 1,9% em 2022 (-0,7 ponto percentual).

“Estamos vendo uma recuperação no Brasil mais rápida do que tínhamos previsto”, disse a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, em coletiva de imprensa.

Com mais de 550.500 mortos e 19,7 milhões de casos de covid desde o início da pandemia, em março de 2020, o Brasil é o país com mais vítimas fatais do vírus, depois dos Estados Unidos. Em 2020, a economia brasileira encolheu 4,1%.

– Recuperação de Brasil e México –

Embora Gopinath tenha advertido sobre “ventos contrários no horizonte”, em particular pela prevalência da covid-19 e suas variantes, destacou aspectos positivos que consideram motores do crescimento.

O Brasil “está se beneficiando do aumento dos preços das matérias-primas” e também “de uma forte recuperação de seus parceiros comerciais, incluindo Estados Unidos e China”, disse.

O FMI ressaltou, ainda, o aumento do PIB no México, onde espera um crescimento de 6,3% em 2021 (1,3 ponto percentual sobre o previsto em abril) e de 4,2% em 2022 (+1,2 ponto percentual).

Depois de uma forte queda de 8,3% do PIB em 2020, “o México está se recuperando bem”, avaliou Gopinath.

“Antes apontamos que grande parte da recuperação do México provinha do setor externo, devido a seus vínculos comerciais com os Estados Unidos. Mas agora estamos vendo que a demanda interna de serviços aumentou. Por causa disso, vemos recuperações mais fortes do que esperávamos”, explicou.

Gopinath destacou que o México se beneficiará novamente se forem implementados pacotes adicionais de estímulo econômico nos Estados Unidos e comemorou o aumento das taxas de vacinação no país.

– Melhora “considerável” na Argentina –

Para a Argentina, em recessão nos últimos três anos, o FMI também destacou uma melhora “considerável” das previsões de crescimento, que atribuiu ao aumento dos preços de exportação e a uma vacinação contra a covid-19 mais rápida do que o previsto.

Espera-se que o PIB da Argentina cresça 6,4% em 2021, 0,6 ponto percentual acima do previsto em abril, segundo o WEO.

“A Argentina se beneficiou de um aumento surpreendente de seus preços de exportação, enquanto temos visto os preços dos alimentos subir em nível internacional”, disse Gopinath.

“Esse efeito positivo que vem do impulso dos preços da exportação está ajudando a recuperação”, acrescentou.

“Também devo acrescentar que o avanço da vacinação tem sido mais rápido do que tínhamos previsto anteriormente”, afirmou Petya Koeva-Brooks, vice-diretora do Departamento de Estudos do FMI.

“E o crescimento dos parceiros comerciais, especialmente no Brasil, tem sido muito útil em termos de sustentar o crescimento”, acrescentou.

Koeva-Brooks destacou que após o “colapso” de 9,9% do PIB em 2020, o Fundo prevê uma expansão para a Argentina de 6,4% em 2021, que espera que “se modere” em torno de 2,4% em 2022.