O aumento dos preços dos alimentos e das matérias-primas, combinado com a perda de renda pela pandemia da covid-19, levará mais pessoas a morrerem de fome no mundo todo – advertiu o Fundo Monetário Internacional (FMI) em panorama econômico divulgado nesta terça-feira (6).

“Sem medidas de intervenção, a queda da renda em 2020 e o aumento dos preços dos alimentos levarão 62 milhões de pessoas a passar fome no mundo, ou seja, quatro milhões a mais”, afirma o FMI em seu último relatório semestral “Perspectivas da economia mundial” (WEO, na sigla em inglês).

A instituição multilateral observa, em particular, que o índice de preços das matérias-primas aumentou 29% entre agosto de 2020 e fevereiro de 2021.

Impulsionada pela alta dos hidrocarbonetos, esse aumento de preços se seguiu ao anúncio da produção de vacinas eficazes contra a pandemia em novembro. E continuou em janeiro, apesar das novas medidas para restringir a atividade em todo mundo, o que enfraqueceu a demanda por petróleo.

Os preços do petróleo subiram 39% entre agosto e fevereiro, mas, ainda que o barril deva ter uma média de US$ 58,5 em 2021, deve cair para US$ 50,7 em 2025, disse o FMI.

Os preços mais altos se devem, “principalmente, a uma tensão temporária entre a oferta e a demanda deste ano”, explicou o Fundo.

Quanto aos preços dos alimentos, o índice elaborado pelo FMI disparou 20% entre agosto e fevereiro, alavancado por aumentos de 45% no custo dos óleos vegetais, e de 41%, nos cereais.

Isso sem levar em conta os preços da soja e do milho, que subiram 50% no mesmo período, puxados pela forte demanda chinesa. Pequim busca recompor seu estoque de suínos, após a propagação da peste suína africana. O trigo subiu 38%.

“A pandemia da covid-19 corre o risco de apagar décadas de progresso contra a desnutrição em todo mundo”, alerta o informe.

Um aumento de 2 pontos percentuais nos preços dos alimentos tende a aumentar a desnutrição em 0,24% no mundo, lembra a organização internacional.

Os preços dos metais básicos, como cobre e minério de ferro, também subiram, 30%, devido à retomada da atividade industrial na China.

Nas últimas semanas, os mercados acompanharam de perto o anúncio e a aprovação do pacote de estímulo fiscal dos EUA, que injetará US$ 1,9 trilhão na maior economia do mundo.

“A forte demanda por veículos elétricos também está elevando os preços de metais, como o níquel, ou o cobalto, usados nas baterias”, ressaltou o FMI.

Já os preços dos metais preciosos caíram 6% no mesmo intervalo analisado, embora haja menos demanda por esses valores-refúgio. Seus preços atingiram um ponto máximo em agosto de 2020.

Em relação aos preços dos metais básicos, a previsão é de uma alta de 32,1% em geral este ano, mas devem cair 4,5% em 2022.