Nos últimos anos, o Brasil se consolidou como o destino favorito para a grande maioria dos turistas argentinos que viajam para fora. Desde o ano passado, esse movimento tem recebido o impulso da companhia Flybondi, com sede em Buenos Aires, a aérea low cost (baixo custo) a operar voos internacionais na América do Sul. Graças ao Brasil, a empresa estima crescer 25% neste ano, com voos diretos ligando Buenos Aires a cidades como Florianópolis, Rio de Janeiro e, desde a semana passada, São Paulo (Cumbica). Com isso, as passagens emitidas no mercado brasileiro, que no ano passado representaram 9% do total da companhia, vão subir para 16% em 2020. Dos 24 destinos operados pela empresa, seis são internacionais. “Observamos bons resultados desde que iniciamos nossas rotas no Brasil e São Paulo é fundamental em nosso objetivo de crescimento regional”, diz o diretor Mauricio Sana Saldaña.

O objetivo é que a linha São Paulo/Buenos Aires atraia a atenção de executivos nos dias úteis e de passageiros paulistas que queiram fazer turismo na capital da Argentina nos finais de semana. Os primeiros vôos saíram de São Paulo com ocupação de 80%, sendo 65% argentinos. “Conforme a empresa for ficando conhecida a participação de paulistas deverá subir para 50%”, diz o executivo. Na capital fluminense, os passageiros brasileiros somam 20% do total, e a ocupação média é de 85% dos assentos. “Isso é natural porque o Rio é um destino turístico para os portenhos.”

Em março, será inaugurada uma linha saindo de Porto Alegre (RS) e em maio uma quinta rota, cuja cidade não foi divulgada. As vendas de passagens são feitas pelo próprio site, mas a empresa estuda uma maneira de formalizar parcerias com agências de turismo. “Veremos o que é possível fazer sem aumentar os custos para os clientes.” Na Argentina, a Flybondi opera por meio do aeroporto El Palomar, a 18km do Centro de Buenos Aires.

A estreia da rota São Paulo-Buenos Aires oferecia o trecho por R$ 357, valor mais em conta do que uma passagem de ônibus no mesmo trajeto, que custa R$ 550 e leva 17 horas de viagem. Fora dos períodos promocionais, a Flybondi diz que manterá preços mais atraente que suas concorrentes – para fazer jus a sua proposta low cost. Uma simulação feita pela DINHEIRO no dia 29 de janeiro para vôo São Paulo-Buenos Aires, com ida no dia 3 de março e retorno no dia 9, mostrou que o custo pela Flybondi é de R$ 923, incluindo taxas e impostos. A passagem mais barata da Latam para o período ficou em R$ 1.339, da Gol em R$ 1.355 e da Azul a R$ 1.365.

A Flybondi já tem pré-aprovadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) outras dez rotas: Belo Horizonte, Cabo Frio, Curitiba, Fortaleza, Jericoacoara, Maceió, Manaus, Natal, Recife e Salvador. Mas ainda não há previsão de operação delas porque a empresa espera entrega de novas aeronaves. “Temos hoje cinco Boeings 737-800NG, com 189 lugares cada. Com sorte poderemos operar cerca de três rotas, além das anunciadas”, afirma.

“São Paulo é fundamental para nosso crescimento regional” Mauricio Sana Saldaña, diretor da Flybondi. (Crédito:Divulgação)

ECONOMIA Empresas low cost se diferenciam das aéreas tradicionais porque cobram passagens entre 30% e 40% mais baratas, porém, não oferecem serviços gratuitos, tudo é cobrado de acordo com o interesse do passageiro. As aeronaves são configuradas para ter apenas uma classe, a econômica. “É um modelo interessante porque o passageiro só paga pelo que vai usufruir. Em empresas tradicionais, o bilhete é caro porque estão embutidos serviços que nem sempre interessam ao cliente”, afirma Thiago Carvalho, membro da Comissão de Direito Aeronáutico da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e sócio do D’Andrea Vera, Barão e Carvalho Advogados. O especialista avalia que neste ano as operações de empresas desse tipo se limitarão a rotas internacionais. “Por enquanto, só a Air Europa, montada com capital 100% estrangeiro, pretende operar rotas domésticas. Mas não sei se fará isso ainda em 2020”, diz Carvalho. Por enquanto, a Flybondi tem como concorrentes diretas no segmento baixo custo a chilena Sky, no Brasil desde novembro de 2018 com vôos ligando Santiago a São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis e Salvador; a Norwegian, que faz a linha Londres-Rio de Janeiro desde maio de 2019; e a também chilena JetSmart, que chegou em dezembro passado e opera as rotas Santiago-Salvador e Santiago-Foz do Iguaçu.