As florestas tropicais poderiam perder seu papel como estoques de carbono se as temperaturas diurnas superarem os 32ºC, o que poderia ocorrer em quase três quartos dos bosques se o clima mundial esquentar 2ºC, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira (21) na revista Science.

“As florestas tropicais armazenam atualmente o equivalente a um século de emissões de dióxido de carbono. No entanto, as mudanças climáticas poderiam reduzir estas reservas se o crescimento das árvores diminuir ou se a taxa de mortalidade das árvores aumentar, o que, ao mesmo tempo aceleraria as mudanças climáticas”, informou em um comunicado o Cirad, instituto francês de pesquisas em agronomia, que participou do estudo.

Os cientistas mediram mais de meio milhão de árvores em 813 florestas tropicais de todo o mundo para avaliar a quantidade de carbono armazenado.

Atualmente, as florestas tropicais atuam como depósitos de carbono, “apesar do aumento das temperaturas”, indicou o comunicado.

No entanto, “as reservas de carbono armazenado nestas florestas continuará estável enquanto a temperatura diurna não alcançar os 32ºC. Para além desse limite, as reservas diminuem muito fortemente”, explicou Bruno Hérault, coautor do estudo e especialistas em florestas tropicais do Cirad.

O objetivo atual estabelecido no Acordo de Paris é manter a elevação das temperaturas abaixo dos 2ºC, mas isto “levaria a superar estes 32ºC em grande número de florestas tropicais”.

“Se limitarmos as temperaturas médias mundiais a um aumento de 2ºC com relação aos níveis pré-industriais, isto leva quase três quartos das florestas tropicais a estar acima do limite de temperatura que identificamos”, advertiu Martin Sullivan, autor principal da publicação, pesquisador da Universidade de Leeds e da Universidade Metropolitana de Manchester, citado no comunicado.

O perigo estaria, então, em que “as florestas se tornariam, por sua vez, em emissoras de carbono”.

“Com cada grau a mais de temperatura, as florestas tropicais liberariam 51 bilhões de toneladas de CO2 na atmosfera”, insistiu Martin Sullivan.