Não faz um ano que o Clube de Regatas Flamengo levantou a taça de campeão brasileiro – umas das mais difíceis disputas do futebol mundial. No ano em que saiu da fila, depois de quase duas décadas de espera, o time de maior torcida do País bateu recorde de público e de renda. Foram 760 mil torcedores nos estádios e R$ 14,5 milhões no caixa. Mas são conquistas do passado, ainda que de um passado recente. De 6 de dezembro de 2009 para cá, o rubro- negro frequentou mais as páginas policiais da mídia do que as de esportes. 

 

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Dos escândalos protagonizados pelo “império do amor” no início do ano ao flerte descarado com a zona do rebaixamento agora, o time da Gávea coleciona tropeços que, aos poucos, vão depreciando uma das marcas mais fortes do País.

 

O capítulo mais recente é o que envolve Zico, uma estrela admirada até pelos não-flamenguistas. Ele deixou o cargo de diretor técnico do clube depois de ver seu nome envolvido em suspeitas de tráfico de influência. 

 

Leonardo Ribeiro, também conhecido como capitão Léo, acusou Zico e seus filhos de irregularidades em contratações e no contrato de parceria com o time de futebol do jogador, o CFZ. Quem é Ribeiro? Ele é ex-presidente de torcida organizada e atual presidente do conselho fiscal do clube. Acusou. Mas nada provou. 

 

E quem perdeu foi o Flamengo. Perdeu a presença de alguém que entende como poucos de futebol e que poderia  botar ordem na bagunça em que se transformou o departamento de futebol, que é  de onde saem as maiores receitas dos clubes brasileiros. 

 

Difícil entender a lógica dos cartolas. Faltando apenas dez rodadas para terminar o Brasileirão, o Flamengo está mais para a zona de rebaixamento – aquela que leva os times para a segunda classe do futebol nacional – do que para a disputa de mais um título. 

 

O técnico que comandou a equipe na vitoriosa campanha do ano passado, Andrade, está desempregado. E o que fez o Flamengo? Por um salário milionário de R$ 420 mil, contratou o outrora brilhante Vanderley Luxemburgo. O técnico foi demitido do  Atlético Mineiro pela péssima campanha do Galo. 

 

Quanto vale a marca Flamengo? Um estudo da consultoria Futebol Finance mostra o rubro- negro na dianteira do ranking de clubes mais valiosos do Brasil. Isso foi em 2009. Antes de o goleiro titular ser preso como principal suspeito de um crime brutal. 

 

Antes de o imperador Adriano e de o “craque” Vagner Love serem intimados pela Justiça para explicar a proximidade com traficantes. O Flamengo valia R$ 568 milhões quando Petkovic falava menos e jogava mais. 

 

Faltam poucos meses para terminar o Campeonato Brasileiro deste ano. Aliás, falta pouco para terminar 2010. Logo surgirá um novo estudo para dizer quem é o time mais valioso do Brasil. 

 

Arrisco dizer que, pelo menos no quesito econômico-financeiro, o Mengão corre verdadeiro risco de ser superado pelo rival do Parque São Jorge. Claro que a nação rubro-negra vai continuar amando o time, vai continuar comprando camisa, vai continuar frequentando os estádios. 

 

Mas há um abalo na imagem do clube e isso é tão inegável quanto perceptível para eventuais empresas interessadas em colocar suas marcas na camisa de uma equipe de futebol.