A agência de classificação de risco Fitch reafirmou nesta sexta-feira, 10, o rating BB do Brasil, com perspectiva negativa. Segundo ela, o rating do País é contido por fraquezas estruturais em suas finanças públicas e por seu alto nível de endividamento, por perspectivas de crescimento fracas e por indicadores de governanças mais fracos em comparação com seus pares.

A Fitch cita ainda “o recente período de instabilidade política”, que pesa negativamente sobre a tomada de decisões. “Essas fraquezas são contrabalançadas pela diversidade econômica e pelas instituições civis consolidadas, com sua renda per capita maior que a da mediana dos BB”, diz a agência. Na avaliação dela, a capacidade do Brasil de absorver choques é apoiada por uma taxa de câmbio flexível, pela posição de reservas internacionais “robustas”, por uma forte posição de credor externo soberano e por mercados de dívida dos governos domésticos desenvolvidos e enraizados. “Uma melhora no ambiente político, a redução de desequilíbrios externos e a aprovação de algumas microrreformas nos últimos meses apoiam o perfil de crédito”, considera a agência.

De acordo com a Fitch, a perspectiva negativa reflete as continuadas incertezas em relação à força e à sustentabilidade da recuperação econômica do Brasil, as perspectivas de médio prazo para a estabilização da dívida, diante dos grandes déficits fiscais, e o progresso na agenda legislativa, “especialmente relacionada à reforma na Previdência Social”. Para a agência, um ambiente político “desafiador” continua a impedir o progresso na reforma da Previdência, “que é importante para a viabilidade e a credibilidade de médio prazo do teto de gastos”. A Fitch diz ainda que o ciclo eleitoral de 2018 poderia também prejudicar o progresso das reformas e pesar sobre a recuperação econômica.

A Fitch espera uma retomada cíclica “moderada” no Brasil, com crescimento acelerando de 0,6% em 2017 para em média 2,6% entre 2018 e 2019, com recuperação no consumo, apoiada pela inflação mais baixa, que impulsiona os salários reais, pela estabilização da taxa de desemprego e da desalavancagem das famílias, o que abre espaço para maior crescimento e crédito ao consumidor. “Uma recuperação no investimento também é antecipada para 2018 e 2019”, afirma ela. “Os riscos de baixa para o crescimento poderiam vir de incertezas subjacentes políticas, fiscais e nas reformas”, sustenta a agência.