As condições globais de crédito se deteriorarão em 2023, com a previsão de recessões nos Estados Unidos e na zona do euro, e os custos de financiamento do governo aumentarão em meio a taxas de juros mais altas e inflação elevada, de acordo com a Fitch. Em relatório, a agência aponta que o crescimento mundial não será significativamente impulsionado pela China, onde as perspectivas permanecem limitadas pelas incertezas em torno da abordagem do governo em relação à covid-19 e pelas tensões contínuas no setor imobiliário.

As perspectivas de classificação de rating estão próximas de serem equilibradas, mas isso ocorre depois de 2022 ser o segundo pior ano para rebaixamentos de mercados emergentes, aponta a Fitch. As médias dos ratings soberanos globais e de mercados emergentes atingiram novos mínimos, marginalmente abaixo de “BBB-” e acima de “BB-“, respectivamente, indica.

A avaliação da Fitch sobre a deterioração das perspectivas do setor dos soberanos é consistente com os riscos contínuos em relação às finanças públicas. Os benefícios fiscais de uma inflação mais alta ficaram evidentes em 2022, com desempenho superior de receita para muitos países e índices dívida pública/PIB abaixo do esperado, aponta. “Não está claro se os ganhos de receita continuarão no próximo ano, mas os saldos gerais serão afetados por respostas fiscais ativas destinadas a proteger famílias e empresas de preços mais altos de energia e alimentos. Os custos fiscais de taxas de juros mais altas serão cada vez mais evidentes”, alerta.

Os riscos geopolíticos permanecem elevados. Ainda não há um caminho claro para a reconciliação da Rússia e da Ucrânia e, da mesma forma, para as relações China-EUA. As cadeias de abastecimento de bens comercializados transmitem efetivamente os riscos e as consequências desses conflitos globalmente, estendendo seu alcance muito além dos principais envolvidos e dos países vizinhos, aponta o relatório.

O estresse do crédito nos emergentes normalmente aumenta quando o dólar americano se valoriza, lembra. O foco de 2023 nesse sentido será em mercados menores e de fronteira, onde as necessidades de financiamento externo são maiores em relação às reservas cambiais e os mercados de crédito domésticos são menos desenvolvidos.