(Reuters) – A agência de classificação de risco Fitch Ratings voltou a cortar a nota de crédito da Americanas, desta vez de ‘CC’ para ‘C’, após a varejista conseguir liminar na Justiça que a protege por 30 dias contra vencimento antecipado de dívidas, prazo que a varejista poderá usar para obter uma acordo com credores ou pedir uma recuperação judicial.

“No caso de a Americanas anunciar formalmente um plano de reestruturação, os ratings serão rebaixados para ‘RD’ para refletir um default restrito ou ‘D’ se a empresa entrar com pedido de recuperação judicial”, afirmou a Fitch em relatório nesta terça-feira. A agência já reduzira a nota da Americanas na sexta-feira, após o anúncio das inconsistências contábeis.

A Fitch afirma que a estrutura de capital da Americanas é considerada insustentável com um acréscimo estimado de 20 bilhões de reais em novos passivos, conforme anunciado pela empresa há alguns dias.

Esse número, acrescentou, se compara a 3,2 bilhões de reais de Ebitdar no acumulado em 12 meses e 15,4 bilhões de reais de patrimônio líquido no final de setembro de 2022. “O passivo adicional anunciado quase dobrou o cálculo da Fitch da dívida líquida ajustada da empresa para 46 bilhões de reais, de 26 bilhões de reais.”

Também afirmou que “a estrutura de capital insustentável e a reputação prejudicada” da Americanas prejudicam gravemente sua flexibilidade financeira e capacidade de lidar com obrigações operacionais e financeiras. “O apoio dos credores será fundamental para melhorar sua flexibilidade.”

Operacionalmente, a Americanas pode ter dificuldades para manter alguns de seus atuais fornecedores, disse a Fitch. “Uma injeção de capital material em tempo hábil para evitar a inadimplência é altamente crucial, embora incerta. A capacidade da Americanas de levantar caixa por meio da venda de ativos e desinvestimentos será testada e poderá minimizar as perdas dos credores.”

(Por Paula Arend Laier)