O grupo Alimentação voltou a registrar um resultado mais baixo que o previsto no Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Na primeira leitura de abril, o conjunto de preços de alimentos ficou praticamente estável, com alta de 0,01% após 0,04% no fim de março. “Alimentação segue mais fraca, principalmente influenciada pelos produtos industrializados, que voltaram a registrar queda”, explica o coordenador do IPC-Fipe, André Chagas.

Em razão do quadro ainda favorável em Alimentação e da expectativa de deflação em Habitação, por conta da projeção de redução na alíquota de PIS/Cofins nas contas de luz, o economista espera um IPC menor no fim de abril. “Embora a Eletropaulo não tenha divulgado, as coletas estão indicando que pode ter queda expressiva em PIS/Cofins, que pode chegar a dar um alívio de 0,05 ponto porcentual no IPC de abril, para o qual alteramos a projeção de 0,21% para 0,16%”, explica.

A despeito do avanço da taxa do IPC na primeira quadrissemana de abril – últimos 30 dias terminados no sábado -, Chagas afirma que o grupo de alimentos ajudou a conter a aceleração do índice após a estabilidade no fim de março. “Houve quedas que não são desprezíveis. Mostra que a retomada na indústria está acontecendo por meio da redução da capacidade ociosa, mas parece que não está ocorrendo repasse de preços”, avalia.

Os alimentos industrializados saíram de queda de 0,50% no encerramento do mês passado para declínio de 0,61% na primeira quadrissemana de abril. Conforme o economista da Fipe, todos os segmentos desta categoria cederam, com exceção de panificados (0,20%), a parte de massas, farinhas e féculas (0,17%), além de alimentos semi prontos (0,17%), que tiveram alta no período. Ele citou como exemplo a retração nos preços de açúcar, de 2,88% ante -1,59% no encerramento de março, e de 1,08% em derivados da carne após -1,25% antes. “Voltaram a acelerar o ritmo de queda e isso não aconteceu somente em alimentos, mas também houve recuo em alguns equipamentos como TV, com recuo de 1,76% após -1,67%”, cita.

Além disso, os alimentos semielaborados continuaram cedendo (-0,13%), ainda que em magnitude menos intensa que a queda de 0,58% no término de março. “Os semielaborados continuam no negativo, contrariando as estimativas. As proteínas estão caindo, com destaque para carne de frango de -5,52% para -4,65%, suína de -1,46% para -1,03% e bovina de -0,48% para -0,43%”, exemplifica.

Os alimentos in natura também tiveram alta menor no período, de 1,34% na comparação com 2,00% no fim de março. A variação negativa de verduras acelerou a velocidade de 0,53% para 0,86% na primeira quadrissemana de abril, com destaque para o recuo de 0,75% do tomate após elevação de 7,58% no fim de março. As frutas diminuíram um pouco o ritmo de alta de 3,95% para 3,84%, mas o mamão continuou o processo de avanço forte para 32,18% após 25,07%, enquanto o limão seguiu em queda de 9,31% depois de ceder 10,43%. Os preços de ovos, por sua vez, tiveram alta de 3,41% depois de 2,62% no encerramento do mês passado. Além disso, alimentação fora de casa avançou de 0,19% para 0,26% no período.

Pressão de alta

De acordo com Chagas, a elevação para 0,21% no grupo Habitação na primeira quadrissemana de abril em relação ao aumento de 0,11% antes foi devido principalmente ao encarecimento em TV por assinatura, de 4,70%, na comparação com 3,76% antes.

Já o grupo Transportes, que teve alta de 0,11% na primeira quadrissemana de abril, pode fechar o mês em 0,18%, diante da expectativa de leve pressão altista em combustíveis. Além disso, Chagas espera queda menos intensa, de 0,10% em Despesas Pessoais, após -0,63% na primeira quadrissemana, por conta de gastos em viagem/excursão e passagem aérea, e elevação de 1,05% no grupo Saúde, em reflexo a pressões de alta em planos e em preços de remédios. Na primeira leitura de abril, Saúde ficou com variação positiva de 0,57%.