O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), André Chagas, revisou para baixo a expectativa para a inflação fechada em março. A expectativa passou de 0,18% para 0,12% no fim deste mês. “A revisão reflete um pouco de tudo. Na primeira quadrissemana, houve alívio generalizado, prossegue o espalhamento de desinflação”, explica.

Na primeira leitura do mês, o IPC-Fipe registrou queda de 0,09%, depois de ceder 0,08%, com poucas alterações nos resultados dos grupos em relação ao fechamento em fevereiro, exceto em Alimentação (de -0,69% para -0,73%), diz.

“O principal destaque em alimentos continua sendo o comportamento dos preços da indústria. Embora tenham diminuído o ritmo, seguiram em queda”, afirma. Os alimentos industrializados tiveram deflação de 0,14%, na comparação com recuo de 0,26% no fim de fevereiro. Já os semielaborados cederam 2,20%, ante declínio de 2,62%. “Parece que a indústria em geral está com promoção”, completa.

Um dos destaques em alimentos semielaborados na primeira leitura do mês foi o frango, que ficou 4,22% mais barato, na comparação com queda de 4,02% no fim de fevereiro, exemplifica. “Só que desta vez os in natura caíram (0,48%), depois da alta de 0,54%. O vilão foi o tomate (de -10,62% para -13,68%). Só que como é um preço muito volátil, pode voltar”, minimiza.

Outro produto que pode voltar a pressionar o IPC é o feijão, que está reduzindo a velocidade de queda, para 14,44%, ante recuo de 17,73% no fim de fevereiro. “Apesar da nova estimativa (melhor) da safra de grãos ontem (9) pelo IBGE, há sinais de que o preço pode parar de cair”, estima.

Contudo, acredita que o efeito não deve ser imediato, o que o leva a crer que o processo desinflacionário na capital paulista vai continuar. Além disso, espera que os preços mais baixos dos combustíveis ajudem a conter o IPC-Fipe este mês.

Na primeira leitura de março, os preços do etanol cederam 2,67% (de -1,86%) e os da gasolina caíram 0,99% (de -0,78%). Esse movimento, diz, ajudou o grupo Transportes a cair 0,19% no início deste mês, após declinar 0,17%.

Relação etanol/gasolina

Os recuos também permitiram um resultado mais baixo na relação entre os preços do etanol e da gasolina, que passou de 75,83% na última semana de fevereiro para 75,20% na primeira semana de março. “A queda no etanol reflete a redução promovida recentemente pela Petrobras para a gasolina e o recuo em açúcar (-1,38%).”