Esqueça a definição de fintech usada até hoje ao meio-dia. Adote a nova: toda instituição financeira, independentemente do porte, dos ativos, do número de correntistas ou da história precisará se comportar como fintech. A partir de já. Isso significará uma brutal reconfiguração da cultura organizacional. Será como jogar no lixo métodos e processos que construíram gigantes e, no lugar, assumir a tecnologia como core. O “novo normal“. A conclusão faz parte do estudo Financial Services Technology 2020 and Beyond: Embracing Disruption, da PwC. “É o clássico momento de ‘oferta-por-tempo-limitado’: se você piscar, pode descobrir que sua concorrência já foi criada”, dizem os autores do projeto, conduzido por Julien Courbe, head de tecnologia de serviços financeiros da PwC americana. O relatório identifica dez tendências à frente da disrupção.

CULTURA FINTECH A invasão das fintechs, seja oferecendo soluções a instituições ou ao consumidor final, não ficará menor nem menos contundente. Elas simplesmente são ágeis e focadas numa determinada tecnologia inovadora ou em um novo processo. Por isso são disruptivas. É preciso criar cultura fintech para se aproveitar das soluções vindas de fintechs. Pense, por exemplo, no aparecimento de plataformas robóticas on-line de investimento ou gestão de patrimônio e no impacto que isso terá em instituições financeiras.

ECONOMIA COMPARTILHADA Consumidores continuarão a precisar de serviços bancários. Mas pode ser que não precisem de bancos. Compartilhar carros (Uber, 99) e quartos pelo mundo (Airbnb) não parecia provável há uma década. “Nesse caso, a economia compartilhada se refere à propriedade descentralizada de ativos.”

BLOCKCHAIN De acordo com o estudo da PwC, a mesma curiosidade (e desconfiança) provocada pela explosão da web nos anos 90 se vê agora em relação ao blockchain. Traduzindo: acredite, vai ser tão revolucionário quanto. Empresas que desenvolvem a tecnologia estão entre as maiores captadoras de recursos e capital.

NOVO MAINSTREAM Independentemente do perfil de seu cliente, de millenial a grey power, ele assume o digital como padrão. Em anos recentes, isso significou para o setor bancário vir nascer concorrentes não tradicionais, desde vale-presente a pagamentos por sistemas operacionais móveis. Para a PwC, entre três e cinco anos as fronteiras da automação de transações financeiras deixarão de ser itens exóticos para se tornarem o modo ‘como-fazemos-as-coisas’.

DADOS DO CLIENTE Sabe como o Google faz dinheiro? O Facebook? Então. Instituições financeiras farão cada vez mais suas margens a partir de dados do cliente do que exatamente da carteira do cliente.

ROBÔS E IA Isso vai muito além de substituir o caixa do banco. A combinação de robótica e Inteligência Artificial avança de campos como mitigar riscos a reduzir custos. As máquinas estão ficando mais sofisticadas, que vão da cognição (capacidade de perceber, entender e planejar o mundo real) à interação (capacidade de atuar ao lado de humanos).

NUVEM Será a regra entre as instituições financeiras soluções SaaS (softwatre as a solution) baseadas em nuvem.

SEGURANÇA CIBERNÉTICA Basta olhar para um dado: entre os líderes de instituições financeiras 69% estão preocupados com ataques cibernéticos contra 61% dos executivos dos demais setores econômicos. O desafio virá de outra ponta: conciliar segurança com a conveniência do cliente. Transferir um balde de etapas de confirmação e acessos ao usuário pode afastá-lo de sua marca. Corrigindo: vai afastá-lo.

ÁSIA Olhe, sinta, perceba, conheça a Ásia. Será de lá que virão as soluções. A nova classe média global está lá. Em 2009, 36% da classe média do planeta vivia na Europa e 28%, na Ásia. No ano que vem, a ordem vai virar: Ásia (54%) e Europa (22%). Ela e seus hábitos são os propulsores de toda inovação. “Essas tendências estarão diretamente ligadas à inovação orientada à tecnologia”, o que inclui o sistema financeiro. O recado é claro: bancos, tenham seu hub operacional-inspiracional asiático.

REGULADORES Agências, órgãos governamentais e toda sorte de reguladores não estarão parados assistindo ao avanço tecnológico entre instituições financeiras. Eles igualmente estão coletando uma variedade sem precedentes de dados e utilizando ferramentas para aprender mais sobre as instituições e as pessoas físicas.