Por Aluisio Alves

SÃO PAULO (Reuters) – A plataforma de financiamento para projetos de energia solar Solfácil anunciou nesta quarta-feira que recebeu um aporte de 30 milhões de dólares liderado pelo fundo norte-americano de capital de risco QED Investors.

Fundada em 2018, a Solfácil se apresenta como a primeira fintech de energia solar do Brasil. A empresa financia principalmente a instalação residencial de placas e equipamentos de geração fotovoltaica, serviço prestado por cerca de 5.000 integradores.

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Esses projetos são quase todos instalados em casas, cada um com valor médio ao redor de 25 mil reais. Os financiamentos têm prazo de até 120 meses e taxa de juros em torno de 1,3% ao mês.

A rodada, que também inclui o fundo Valor Capital, chega no momento em que as discussões sobre fontes alternativas de geração voltam a ganhar relevo no país, já que a atual estiagem coloca em risco a capacidade da geração hidrelétrica, que responde pela maior parte da matriz energética brasileira.

“Energia solar é parte da solução para crise atual do Brasil, que é o melhor candidato do mundo para expandir nesse setor”, afirmou à Reuters o fundador e presidente da Solfácil, Fábio Carrara. “Mas o grande gargalo é o financiamento.”

Refletindo a crescente visão desse tipo de projeto como um investimento para reduzir gastos da conta de energia, o mercado de energia solar tem disparado no Brasil.

Segundo Carrara, embora haja um desejo manifesto de uma ampla maioria da população para ter um sistema de geração de energia solar, ela só está presente em 0,6% das residências, enquanto em países como a Austrália esse índice chega a 25%.

“Mesmo com os juros do financiamento, as pessoas logo percebem que o investimento se paga em poucos anos e, depois, elas vão ter energia praticamente de graça por duas décadas”, disse Carrara.

A instalação de painéis solares cresceu 70% no ano passado, gerando 7,5 gigawatts – quase metade da hidrelétrica de Itaipu -colocando o Brasil na lista dos 10 países que mais instalaram sistemas solares no mundo em 2020.

De carona nessa tendência, a fintech, que hoje faz cerca de 700 milhões de reais em crédito por ano, espera chegar a 2,5 bilhões em 2022.

A Solfácil planeja usar os recursos da captação para ampliar o total de funcionários de 215 para 460, investir em tecnologia, passar a atender também empresas e produtores rurais. A empresa também pretende oferecer capital de giro para os integradores.

Além da rodada de captação, para dar conta do crescimento da demanda por financiamentos para o setor, a Solfácil emitiu neste ano um fundo de recebíveis de 500 milhões de reais.

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