06/04/2001 - 7:00
Os investidores do Neuer Markt, a bolsa das ações de tecnologia da Alemanha, estão trocando seus corretores por advogados. É a maneira que eles encontraram para tentar recuperar as perdas causadas desde que o Nemax 50, o índice das ações mais negociadas no pregão, perdeu 55% de seu valor em 12 meses. Acionistas furiosos agora acusam as empresas de esconder resultados ruins e manipular balanços. Somente em um dos casos, o da EM.TV & Merchandising, que detém os direitos sobre os personagens infantis Muppets e as transmissões das corridas de Fórmula 1, os autores do processo pedem o equivalente a US$ 10 milhões. Alegam que o principal executivo da EM.TV usou informação privilegiada para ganhar US$ 18 milhões com a venda de ações da empresa.
Este é apenas o último episódio no inferno astral da bolsa alemã, que pretendia se firmar como o contraponto europeu à Nasdaq, a bolsa de tecnologia americana. A crise das empresas da nova economia foi impiedosa com o Neuer Markt. O valor de mercado das 338 companhias listadas despencou 75%, caindo de US$ 220,8 bilhões, em março de 2000, para US$ 80 bilhões em março deste ano. Há um ano, a EM.TV & Merchandising tinha valor de mercado de US$ 16 bilhões, superior ao do Commerzbank, quinto maior banco da Alemanha. Hoje, suas ações valem US$ 800 milhões. Nos últimos seis meses, cinco empresas simplesmente quebraram. E o site de leilões Ricardo.de caiu fora porque suas ações desvalorizaram tanto que a companhia deixou de possuir o capital mínimo para ser cotada em bolsa.
A sangria de dinheiro e investidores vem fazendo com que o Neuer Markt perca o que tem de mais valioso: prestígio. O número de lançamentos de ações, que foi de 140 no ano passado, encolheu para apenas seis no primeiro trimestre. Analistas dizem que, até o final do ano, pelo menos 30 empresas sairão da bolsa porque seu capital encolherá abaixo do limite mínimo. A próxima má notícia é que parte das 51 companhias estrangeiras ali listadas deve se retirar, voltando a seus países de origem. No caso das americanas, por exemplo, três já anunciaram que migrarão para a maior concorrente dos alemães, a Nasdaq.
